Duas novas pinturas rupestres acabam de ser descobertas em locais diferentes no interior do distrito de Mecubúri, província de Nampula. As referidas pinturas foram descobertas graças à colaboração das comunidades locais e as mesmas reflectem essencialmente o valor que o Homem da sociedade primitiva reservava à gastronomia baseada em produtos agrícolas locais.
Às pinturas recentemente descobertas foram dados os nomes de Tchahulo e Namulempwa, locais que distam da vila-sede distrital cerca de sete e 48 quilómetros, respectivamente. Há cerca de uma década tinham sido descobertas as pinturas de Chakota.
De acordo com Manuel Pedro, chefe da Repartição Cultural e Desporto no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia no distrito de Mecubúri, a leitura que se faz ainda a respeito das pinturas ora descobertas naquela região interior de Nampula conclui que o Homem primitivo vinha desenvolvendo desde a sua existência esforços próprios para produzir os seus instrumentos agrícolas.
Esta reflexão baseia-se no facto de terem sido encontrados metais e pedra de um tipo que reúne características de serem resistentes, os quais foram usados para produzir instrumentos que possam ajudar a trabalhar a terra sem danos físicos, sobretudo membros superiores do homem.
“Confirma, de acordo com estudos preliminares realizados por técnicos do sector da cultura, entre outros, que a agricultura foi uma das primeiras actividades desenvolvidas pelo Homem visando garantir a sua sobrevivência num distrito iminentemente agrário, tendência que até nos dias de hoje prevalece no seio das comunidades, o que o torna um dos maiores produtores da província e nacional, sobretudo, na cultura do algodão” – referiu Manuel Pedro.
Figuras de produtos agrícolas alimentares como o cogumelo, mandioca, entre outros tubérculos, incluindo cereais, estão patentes nas pinturas rupestres de Tchahulo e Namulempwa.
Estão igualmente reflectidas naqueles locais pinturas de peles de animais ainda por descortinar, um facto que dá conta que a caça vinha sendo praticada com o intuito de o Homem se alimentar da sua carne e usar a pele dos animais que abatia para vestir.
Reforça essa convicção o facto de estarem expostas nas grutas instrumentos de caça e defesa em caso de guerra entre os homens, quer com animais considerados ferozes, flechas e azagaias, incluindo outros cuja utilidade está ainda por estudar.
Mecubúri, importa lembrar, é o distrito onde se localiza a maior reserva florestal e faunística do país. Confirma-se a existência até ao momento naquele local de animais como leões, leopardos, elefantes, além de gazelas, changos, macacos, cuja caça é feita de forma ilegal.
As pinturas rupestres ora descobertas permitem apurar que os primitivos já sentiam a necessidade de identificar instrumentos para avaliar monetariamente os produtos agrícolas, entre outros bens valiosos destinados à comercialização, porque nas cavernas foram identificadas pinturas nas paredes que reflectem números aritméticos.
Como forma de tirar proveito da sensibilidade que as comunidades demonstram com os locais históricos culturais que o distrito possui, as entidades distritais da Educação, Juventude e Tecnologia de Mecubúri mobilizam os jovens a desenvolver trabalhos que se traduzem na preservação das pinturas rupestres, sendo de destacar a abertura e manutenção das vias de acesso.
Para o efeito, foram criados núcleos que contam com jovens de ambos os sexos, os quais são dirigidos por anciãos e líderes tradicionais que assumem o papel de explicar aos estudantes universitários assim como aos turistas que escalam a região com o propósito de tomar conhecimento da realidade histórica ali patente, sobre a descoberta das pinturas rupestres sobre as quais fazem algumas interpretações empíricas.
Carlos Tembe
NOTÍCIAS – 20.09.2013