Depois de Dhlakama e Guebuza terem criado as respectivas comissões especializadas para discutir as FDS
- Apesar de não haver ainda não haver certezas, correm indicações de que Guebuza e Dhlakama poderão reunir-se nalgum lugar na província de Sofala durante o fecho da Presidência Aberta do Presidente da República
A delegação do governo, chefiada pelo ministro da agricultura e membro da Comissão Política da Frelimo, José Pacheco, e a delegação da Renamo, chefiada pelo jurista e deputado, Saimone Macuiana, voltam a reunir-se na manhã desta segunda-feira, no Centro de Conferencias Joaquim Chissano, na cidade capital. Apesar de as últimas 17 das 20 rondas já decorridas terem sido simplesmente improdutivas, acredita-se que a sessão a ter lugar, esta manhã, possa alcançar alguns avanços, tendo em conta as pressões que tem estado a ser feitas tanto internamente assim como a partir do exterior. À estas pressões, atenção especial vai para as propostas apresentadas às duas partes (ao governo e a Renamo) pelo Observatório Eleitoral (OE), um grupo de aproximação e intermediação liderado pelo Reverendo, Dinis Matsolo.
Em relação as propostas deste grupo, recorde-se, a Renamo já publicamente disse que as mesmas apresentam-se como razoáveis, acreditando-se, com isto, que as partes oponentes estejam já a conseguir alcançar alguns pontos de aproximação mútua.
Aliás, a recente reunião de alguns quadros da Renamo em Santugira e consequente criação de uma comissão de peritos militares da Renamo no sentido de acompanhar o seu líder (Afonso Dhlakama) ao possível encontro com o Presidente da República é descrito como resultado das propostas avançadas pelo Observatório Eleitoral no sentido de as partes andarem na perspectiva de viabilização do encontro ao mais alto nível.
Mostrando efectivamente haver algum andamento do ponto de vista de aproximação das partes, o Presidente da República respondeu à acção da Renamo, criando, também, uma comissão de peritos militares. É esta equipa de peritos militares que deverá acompanhar o Presidente da República, Armando Guebuza, no possível encontro com o presidente da Renamo. A criação desta comissão visa necessariamente criar condições para que as partes discutam (em termos técnicos) as questões das Forças de Defesa e Segurança que, na verdade, constitui o segundo ponto do debate político, depois das chamadas questões eleitorais.
Entretanto, apesar dos avanços para a criação de comissões especializadas para a discussão do segundo ponto, sabe-se que as partes ainda não chegaram a qualquer acordo em relação ao ponto 1 do diálogo político (questões eleitorais) e a Renamo já disse que não poderá passar para a discussão do segundo ponto (FDS) sem necessariamente chegar-se a acordo em relação ao primeiro ponto. Por outro lado, o presidente da Renamo, a partir de Santugira, já disse que no frente-a-frente com o Presidente da República até pode, por enquanto, prescindir da discussão dos últimos dois pontos do diálogo político (despartidarização do Aparelho do Estado e questões económicas). Assim, acredita-se que o encontro desta segunda-feira entre o governo
e a Renamo possa dar avanços não no sentido de discussão de pontos arrolados para o debate politico, mas sim, discutir o encontro entre o Presidente da República e o líder da Renamo.
Sofala pode acolher encontro
Havendo ainda impasse em relação ao local de um provável encontro entre Guebuza e Dhlakama, muito por força dos condicionalismos colocados por ambas partes, acredita-se que o encontro ao mais alto nível possa ter lugar provavelmente em Sofala.
O encontro poderá ter lugar na cidade da Beira ou num outro distrito da província de Sofala, aproveitando o encerramento da Presidência Aberta que Guebuza deverá dirigir no mês que vem - Outubro.
Oficialmente as duas partes não se mostram disponíveis para comentar a possibilidade de o encontro acontecer durante o fecho da Presidência Aberta em Sofala, mas nos bastidores é bastante colocada essa possibilidade, tendo em conta a nega definitiva de Dhlakama deslocar-se a Maputo, enquanto a retirada das FDS que cercam Santhugira não for concretizada. O Presidente da República também deverá estrategicamente fazer passar uma imagem de não ter cedido nas exigências de deslocar-se a Santugira, pois a justificação será simplesmente no sentido de se ter aproveitado a sua estada (em Presidência Aberta) em Sofala para encontrar-se com o líder da oposição moçambicana.
MEDIAFAX – 23.09.2013