Mais de mil oleiros que continuam a reivindicar indemnizações pela retirada dos seus locais de trabalho para concessão de uma mina à brasileira Vale, em Moatize, centro de Moçambique, ameaçam prosseguir as manifestações para resolverem a sua situação.
No último fim de semana, este grupo, associado a um outro grupo de reassentados, que reivindica indemnizações pelas suas áreas de cultivo agora ocupadas pela Vale, saiu à rua em Moatize, província de Tete, para "lembrar ao Governo" e à empresa brasileira que "estão à espera" do seu dinheiro.
"O Governo e, mesmo, o tribunal deviam tratar o nosso caso de uma forma séria, porque nós não somos malucos apesar de estarmos a ser tratados como tal", disse à Lusa Refo Agostinho, representante dos oleiros.
"Somos um grupo de mais de mil pessoas que reivindicamos pelos nossos direitos e, se fosse nos outros países, poderia merecer um tratamento sério, (mas aqui) sentimos uma falta de interesse na resolução do nosso problema. Por isso, vamos continuar a manifestar-nos como forma de mostrar que estamos preocupados com as nossas indemnizações", acrescentou Refo.
Seguindo disse, os 60 mil meticais (cerca de 1.500 euros) que receberam em 2010 "foi apenas um valor para paralisarem as atividades", aguardando um estudo no sentido de estipular o valor de indemnização que cada oleiro iria receber.
"Quando fomos à audiência no tribunal de Moatize, apresentámos os documentos e, até hoje, ainda não vimos algum documento por parte da Vale ou do Governo que comprove um acordo. Sentimo-nos agastados, visto que somos amedrontados e até presos quando exigimos os nossos direitos no nosso próprio país", disse Refo Agostinho.
Em anteriores manifestações junto da mina de carvão da Vale em Moatize, alguns ativistas foram detidos pela polícia e enviados a tribunal.
DEYM // VM
Lusa – 04.09.2013