O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, prolongou a visita a França, que inicialmente terminaria no sábado, e hoje estará, com o seu homólogo francês, nos estaleiros navais de Cherbourg, no noroeste, onde Moçambique encomendou recentemente 30 barcos.
Moçambique pretende adquirir 24 traineiras, três barcos-patrulha de 32 metros e outros três de 42 metros através de uma empresa de atum, detida pela secreta moçambicana e pelo Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE),
Hoje, o Presidente francês, François Hollande, e Armando Guebuza vão visitar a região de Cherbourg, no noroeste de França, como parte de uma viagem que terá como foco as energias renováveis, indica um programa hoje divulgado na página da Presidência francesa.
Segundo a nota, François Hollande será acompanhado pelos ministros da Recuperação Industrial, Arnaud Montebourg, da Ecologia, Desenvolvimento Sustentável e Energia, Philippe Martin, bem como pelo vice-ministro dos Transportes, Mar e Pesca, Frederic Cuvillier, e pelo ministro do Orçamento, Bernard Cazeneuve.
Em declarações aos jornalistas, em França, Armando Guebuza confirmou a participação do Governo na compra dos barcos, afirmando que Moçambique "precisa de ter certeza de que a costa está protegida e que as águas territoriais não são violadas".
"Estamos a trabalhar com os nossos amigos franceses para reforçarmos o controlo da costa e da área marítima, por isso temos a previsão de obtenção de meios que nos permitam controlar a nossa costa", disse Armando Guebuza.
Contudo, na semana passada, o ministro das Finanças moçambicano, Manuel Chang, negou que o Governo vá contrair uma dívida de 370 milhões de euros para a compra de 30 navios em França, afirmando que o Estado vai atuar apenas como avalista na operação que envolve uma empresa privada.
A imprensa moçambicana tem dado conta de que o executivo vai emitir títulos de dívida no valor de 500 milhões de dólares (370 milhões de euros), para financiar a compra de 30 navios atuneiros e patrulheiros em França.
Segundo as notícias, a frota será comprada e operada pela Empresa Moçambicana de Atum (Ematum), maioritariamente detida pelo Instituto de Gestão de Participações do Estado (IGEPE), que gere as ações do Estado moçambicano em empresas, e pelo Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), a secreta moçambicana.
A Ematum foi constituída em agosto deste ano, apenas um mês antes de proceder à encomenda de 500 milhões de dólares aos estaleiros de Cherbourg.
Os montantes envolvidos na aquisição de barcos representam o dobro do volume anual de negócios das Construções Mecânicas da Normandia que, de acordo com o proprietário dos estaleiros navais Construções Mecânicas da Normandia (CMN), Iskandar Safa, anualmente vende entre 50 e 100 milhões de euros.
No domingo, o Presidente francês e o chefe de Estado moçambicano decidiram dar um novo impulso às relações bilaterais nos setores político, económico e cultural, refere outra nota publicada na página da Presidência francesa.
De acordo com o comunicado, através da Agência Francesa de Desenvolvimento, a França pretende reforçar o acordo com as autoridades moçambicanas, visando aumentar o intercâmbio nas áreas de infraestrutura, saúde e meio ambiente.
"França e Moçambique, que são vizinhos no Oceano Índico, compartilham muitas prioridades: a segurança no mar, o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente", refere a mesma nota.
MMT // VM
Lusa – 30.09.2013