A Renamo, principal partido da oposição em Moçambique,
anunciou hoje que vai comemorar o 21.º aniversário do Acordo Geral de Paz, na
sexta-feira, organizando encontros de "reflexão à escala nacional"
sobre a situação sociopolítica no país.
Em declarações à Lusa, o porta-voz da Renamo (Resistência Nacional
Moçambicana), Fernando Mazanga, disse que a iniciativa, a ser levada a cabo
pelos militantes do partido em todo o país, visa avaliar o cenário
sociopolítico moçambicano e os resultados do primeiro ano da atividade
partidária, desde que o seu líder, Afonso Dlhakama, se instalou na Serra da
Gorongosa, no centro de Moçambique.
"Queremos fazer o balanço do partido desde a última decisão tomada em
Quelimane, no ano passado, que ditou a ida do presidente Afonso Dhlakama à
Sandjundjira, e fazer uma reflexão à escala nacional" sobre a situação do
país, disse Fernando Mazanga.
Na sexta-feira, Moçambique assinala 21 anos do Acordo Geral de Paz, rubricado na capital italiana, Roma, entre o Governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e a Renamo, então movimento rebelde do país, ato que pôs termo a 16 anos de guerra civil, que causou cerca de um milhão de mortos e forçou milhares de moçambicanos a refugiarem-se nos países vizinhos.
Recentemente, o Instituto de Estudos Sociais e Económicos de Moçambique (IESE) considerou que o país está a viver uma situação de "quase guerra", apontando a circulação em colunas militares e a concentração do exército governamental no centro do país, onde Afonso Dhlakama vive desde outubro do ano passado.
Desde finais do ano passado, as forças de defesa e segurança moçambicanas têm-se envolvido em confrontos com homens armados da Renamo no centro do país, região de forte influência do movimento.
Afonso Dhlakama regressou à Serra da Gorongosa, onde funcionaram as antigas bases militares da Renamo, em protesto contra a alegada "governação ditatorial" da Frelimo, partido no poder.
Frequentemente, a Renamo tem boicotado as cerimónias centrais do Acordo Geral de Paz e organiza eventos paralelos nas suas sedes espalhadas pelo país.
Em contacto com a Lusa, o porta-voz da Frelimo, Damião José, disse que as atividades do partido no poder estão "condicionadas ao programa do Estado", porque se trata de uma cerimónia de Estado.
LUSA – 30.09.2013