Em bom rigor o grupo nunca quis criar nem sociedade comunista, nem capitalista, nem o que quer que seja, como se veio a demonstrar mais tarde, já que, volvido um curto lapso de tempo, não se acham sequer no país, réstias desse comunismo. Aliás, os tais comunistas defensores de uma sociedade colectivizada e dos meios de produção socializados são hoje uma elite que ostenta uma riqueza franciscana.
São donos de universo imobiliário invejável constituído maioritariamente por imóveis nacionalizados que se dizia falsamente que iriam para o povo, são donos de empreendimentos industriais, turísticos e comerciais, são donos de bancos e outras sociedades financeiras, em suma, são donos de tudo.
No entanto, os condenados e perseguidos desta terra, continuam a lutar pela sobrevivência, não têm pão, não têm água, não têm habitação condigna, não têm resguardo moral nem ético já que a família, que é a base social, foi destruída por este grupo.
Para ilustrar esta afirmação basta recordar que o grupo desfechou uma violenta machadada contra os valores culturais, éticos e morais da sociedade moçambicana sob o pretexto de que se tratava de valores retrógrados. Destruiu-se o tecido ético e moral sob o pretexto de que se pretendia criar o homem novo.
Onde está o homem novo senhores? Matou- se, destruiu-se, chantageou-se …
Não se pode conceber uma sociedade sem cultura por ser a base da sua identidade como povo e como nação. Aliás a destruição de uma cultura sintetizada nas práticas seculares que acompanham e dignificam o nascimento, o casamento, a morte, a reza e a alimentação, constitui a estratégia de dominação dos povos fortemente praticada pela colonização portuguesa em África, e só pode ser prosseguida por quem não se identifica com essa cultura, pelo simples facto de não ser parte dessa comunidade mas não só, tem que sentir desprezo e receio por essa manifestação de identidade.
O anti-racismo e anti-tribalismo não se podem entender como a negação e/ou a não existência de raças e tribos; são teorias positivas que revolucionam os factores de divisão e promovem a igualdade entre os homens mas não destroem a sua cultura sob o risco de destruir a sua identidade e modo de interagir com o meio envolvente segundo praticas desenvolvidas por séculos de existência. Essas formas de interacção não se alteram com decretos mas aprumam-se com a educação e o desenvolvimento tecnológico.
Estes senhores integrantes deste grupo são os que não pertenciam nem pertencem a nenhuma tribo num país africano que não foge à regra normal da evolução das sociedades deste continente e não só, e que, por isso, tem tribos. Eles eram os verdadeiros e únicos moçambicanos, aliás mais moçambicanos que o povo inteiro, pois este sempre teve e tem tribos e valores culturais diversos que devem ser respeitados, acarinhados, respeitados e valorizados, sem que isso se constitua em factores de divisão como nação.
Foi com base nestes slogans aplicados liricamente que este grupo dominou e se impôs na liderança do país, para hoje se transformarem em destinatários de um enriquecimento ilícito.
Ou então ser se homem novo é aparecer nas boates como o Sheik acompanhado de menores numa autêntica demonstração de fervor e amor por atitudes pedófilas? Como é que alguém que mandou fuzilar, prender jovens namorados encontrados a conversar nos jardins deste belo país, pode agora de forma pública e notória, e já octogenário, aparecer em poses censuráveis em hotéis, boates com menores das idades das suas bisnetas. Este é o homem novo preconizado por estes senhores?
Mas por que é que tudo isto é possível, porquê este mutismo cúmplice perante atrocidades dramáticas como estas? É apenas por uma única razão que é o facto de a culpa ainda andar aí à solta e solteira. Isto deva acabar! A culpa não pode morrer solteira.
Os dossiers sobre as atrocidades cometidas por este grupo sob o pretexto de estarem empenhados e comprometidos na criação de uma sociedade pseudo-comunista irão espantar o mundo mas têm que ser apresentados para se resgatar a verdade e só a verdade.
Foi na senda da criação do homem novo que este grupo, e para a área específica da justiça povoou a PIC dos mais mediáticos criminosos de então. Assim, pela mão do famigerado Raposo Pereira, foram integrados na polícia Zeca Russo, como inspector da PIC, Jorge Costa, figuras que protagonizaram os mais hediondos crimes neste país através de fuzilamentos selectivos e ilegais que deixaram muitas famílias enlutadas sem que tivessem a possibilidade de enterrar os seus entes queridos ceifados por este grupo. À retaguarda de Zeca Russo estavam dois famosos criminosos um tal Kruguer, de nacionalidade sul-africana, e António Mavunguine Tembe , autor de vários homicídios em Moçambique e território sul- africano, que viriam a conhecer uma soltura misteriosa da cadeia central da Machava quando de acordo com a liquidação das suas penas só sairiam da cadeia no ano 2025.
Quem os soltou? O grupo dos democratas! Aliás, neste momento esta história está sendo explicada de forma escalpelizada e corre na internet, pelo então democrata, advogado e ex-vice-governador do BM, agora desavindo com o grupo, o Dr. Adrião Rodrigues.
Tenha-se em atenção que quer Kruguer, quer Zeca Russo e Mavunguine Tembe, eram criminosos de delito comum e só uma razão explica porque foram colocados na PIC. Perseguir, maltratar e até mesmo matar como acontecia de forma selectiva a alguns moçambicanos.
Do que se disse conclui-se que afinal de contas os chavões políticos que orientam a governação, como por exemplo, ‘abaixo o capitalismo’, ‘abaixo a burguesia’, etc., não passavam disso mesmo e encobriam, claro está, interesses inconfessáveis que hoje são divisáveis à vista desarmada.
Os percursores do anti-capitalismo, são hoje capitalistas, desenvergonhados burgueses do mais alto quilate. No entanto basta que no seio das vítimas deste grupo, designadamente os grupos vulneráveis da sociedade Moçambicana, emerja alguém que aparente estar a viver em condições razoáveis vão aí os epítetos, mormente corrupto, membro do crime organizado, membro da associação de malfeitores, enriquecimento fácil.
Em termos exactos, este grupo, sempre, mas sempre mesmo, perseguiu moçambicanos honestos que patenteiam algum conhecimento ou condições de vida razoáveis do ponto de vista económico. É assim que ontem este moçambicano tinha a designação de “xiconhoca”[1] e hoje foi promovido a “corrupto”. Isto é injusto, pois não se conhece nenhum banco, nem ilha que pertença ao xiconhoca de ontem e ao corrupto de hoje.
Os verdadeiros ricos pertencem ou saíram do grupo ou ainda são aqueles relativamente aos quais o grupo nutre alguma simpatia.
Estes são empresários de sucesso mas cujo exemplo não pode ser imitado ou seguido, nem de qualquer forma replicado pois, quem assim ousar, vira corrupto, criminoso e mais outros epítetos atentatórios à dignidade humana.
Até quando o povo moçambicano permitirá ser tratado de forma tão indigna? A paciência tem limites, esgota- se, e está a chegar o momento em que esse limite vai-se esgotar. E aí, a culpa jamais morrerá solteira. O império da justiça, que se sabe perene e implacável, vai impor – se e estes malfeitores tem que ser chamados à razão para publicamente expiarem os seus pecados.
Este intróito é apenas um início de uma tentativa da reposição da verdade que a seu tempo virá através da intervenção dos competentes órgãos da justiça, onde de forma rigorosa e precisa será entregue o material probatório relevante para perseguir criminalmente os autores de todos os males que dilaceraram e dilaceram a sociedade moçambicana.
Não se preconizam fuzilamentos, nem perseguições, nem chantagens,mas sim que tudo deve ser e será feito de acordo com o primado da lei.
Palavra que deriva da aglutinação ente “chico” – nome geralmente dado ao macaco irrequieto – “nhoca” – termo bantu que designa o ofídio cobra. Para se tornar mais original, o Chico passou a escrever-se Xico.
JORNAL DOMINDO – 13.10.2013
A culpa não pode morrer solteira (Conclusão)
As atrocidades perpetradas por este grupo (Marcelino, Óscar, Jorge, Sérgio Vieira e outros) não se esgotaram no que ficou dito nos artigos anteriores. Grande parte da nossa sociedade, senão toda, estaria interessada hoje em conhecer as razões que ditaram a exoneração de Mariano Matsinhe, Armando Guebuza e José Carlos Lobo de ministros da Segurança, do Interior e de Recursos Minerais, respectivamente.
A exoneração desses altos quadros do partido dos camaradas e do
Governo ocorre nos primeiros anos de Independência.
Tendo o ministro Lobo recebido uma denúncia factual dos trabalhadores do seu
pelouro, sobre anomalias graves praticadas pelo então português Santos Garcia,
na altura Director Nacional de Geologia e Minas, que se aproveitando do seu
cargo, açambarcava e traficava pedras preciosas com destino a diversos
cantos do mundo, incluindo a sua terra natal, Portugal. De acordo com as
normas e práticas de então, o ministro Lobo apresentou a denúncia
junto do Ministro da Segurança que era então Mariano Matsinhe, para os
devidos efeitos.
Refira -se que a apresentação de casos desta natureza ao Ministro
da Segurança justificava-se não só pela lei da defesa da economia mas,
também pela constante agressão, sabotagem e pilhagem sistemáticas da
economia nacional, das nossas riquezas e património pelos colonos e seus
satélites, muitos deles integrados no Governo por este grupo.
Uma comissão criada pelo ministro da Segurança para aferir a veracidade dos
factos viria a provar por a+b que as denúncias feitas correspondiam à
verdade.
Perante esta situação, o ministro dos Recursos Minerais e o
ministro da Segurança levariam estes factos até junto de Armando Guebuza, então
ministro do Interior, para tomar as providências adequadas à situação. Isto é,
a instauração do competente processo-crime. Todavia, antes desta
acção os três ministros, Lobo, Matsinhe e Guebuza, levaram este assunto
junto de Samora Machel, então Chefe do Estado, com a indicação do que a lei
previa para estes casos, ou seja, nos termos da lei da defesa da
economia, segundo a qual, quem estivesse incurso neste tipo de
situações, sendo estrangeiro, a pena de expulsão.
Samora Machel concordou com a proposta dos três ministros e assim Santos Garcia
foi exonerado e expulso do território nacional.
Insatisfeitos e inquietos com a decisão de exoneração e expulsão, o grupo e
seus apaniguados, por razões obscuras e inconfessáveis, e
numa cumplicidade pérfida, urdiram um plano macabro, para reverter a decisão
tomada por aqueles três ministros.
Assim, na sequência do referido plano, o grupo, valendo-se da posição de
supremacia no seio do partido dos camaradas e do Estado, convenceu o
Presidente da República a alterar a decisão de exoneração e expulsão.
Paradoxalmente, os três ministros foram simultaneamente exonerados dos seus
cargos e Santos Garcia vitoriosamente regressa ao país e retoma a
sua posição de Director Nacional de Geologia e Minas, onde continuaria, e
agora com mais poderes e impermeabilidade, a praticar impunemente o roubo
e a delapidação dos recursos minerais. É caso para perguntar, a quem
servia este senhor? A resposta é simples, limpa e cristalina como
água. Este senhor era um dos servidores do grupo que beneficiava materialmente
das falcatruas que este praticava no Ministério dos Recursos Minerais.
Tratava-se de uma acção concertada ao nível do grupo e este senhor era um
mero executor material das operações de saque neste sector.
Os três ministros atrás referenciados, como prémio pela denúncia dos crimes
perpetrados por Santos Garcia, que pela sua dimensão lesavam gravemente
os interesses do país, foram todos exonerados em simultâneo.
Este episódio algo insólito e que não é isolado, põe a nu o domínio absoluto
que este grupo tinha no partido dos camaradas e no Estado, que lhes
permitia a seu bel-prazer agir arbitrária e impunemente desde que isso
servisse os seus interesses, pois, doutro modo, não se pode compreender que a
denúncia de um criminoso, numa atitude de clara actuação em Defesa dos
interesses do Estado, possa ser premiada por uma exoneração simultânea
de três ministros seniores, dois dos quais do sector de soberania e em pleno
tempo de guerra, e por uma bênção ao criminoso.
Recorde-se que, tanto Guebuza como Matsinhe, eram quadros do topo do partido
dos camaradas, membros do Comité Político Permanente, tendo sido mesmo assim
tratados com leviandade, ligeireza e brutalidade por terem beliscado os
interesses deste grupo. Imaginem o que aconteceu a tantos outros anónimos ou
não, que na hierarquia social estivessem abaixo daqueles ministros. Cenas de
autêntica barbaridade, expulsões arbitrárias, humilhações, desrespeito
pela dignidade humana, destruição de famílias e do primado da lei, que
conduziram a uma desordem social cujas consequências se sentem até hoje.
Estamos a falar aqui não apenas da destruição de pessoas, mas também de
instituições na senda do famigerado processo de escangalhamento do Aparelho do
Estado que teve como paladino o tristemente célebre José Óscar
Monteiro. E porquê o escangalhamento do Aparelho do Estado? Porque desta
forma, e só assim, este grupo e seus acólitos ganhariam espaço como veio a ganhar
para serem eles o Estado.
Quer dizer, já tinham subjugado o partido dos camaradas às suas vontades, e
agora era preciso submeter o povo à sua vontade através do Estado. E
conseguiram-no!
Assim, todas as decisões foram tomadas com a sua anuência e beneplácito. Eles
eram de facto o Supremo Poder, e é deste poder que emanavam todas as
decisões, por isso movidos pelo desígnio de manter esta supremacia sobre o
Partido, o Estado e o povo, multiplicam-se em acções para denegrir
todos aqueles que encetam acções positivas em prol do povo. Trata-se de
uma vã tentativa de recapturar o poder e o Estado.
São os mesmos que hoje se insurgem contra a construção da ponte para Ka-
Tembe, contra a Circular de Maputo, e contra a exploração dos recursos
minerais.
Será razoável que num país que se preze, haja vozes que estejam contra a
edificação de infra-estruturas tão vitais como estas, cuja importância para
o desenvolvimento do país é inegável?