Sem qualquer tipo de exagero, o País está à beira de entrar numa nova Guerra Civil cuja responsabilidade só se poderá vir a imputar ao ainda chefe de Estado, Armando Guebuza, que já nem os seus próprios camaradas consegue ouvir e respeitar.
Por mais discursos que se possam elaborar, estamos claramente a entrar para um estado de guerra e se nada for feito para parar o actual cenário de irresponsabilidade política que se resume a um indivíduo, Moçambique voltará a fazer manchetes internacionais como um País falhado, sendo por isso urgente que ninguém se deixe intimidar e ao mesmo tempo não se deixe levar por excessos de quem já não é capaz de evidenciar a mínima sensatez.
O ataque e consequente assalto à residência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e à base das suas forças de segurança em Sadjundjira, por Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) que se deveriam abster de se envolverem em conflitos internos mas estão a ser empurradas para fora dos seus limites constitucionais, são a prova inequívoca de que em nenhum momento o Governo do senhor Guebuza esteve interessado em dialogar com a Renamo provando, mais uma vez, ser useiro e vezeiro em deturpações da Constituição da República e com tendência compulsiva para a partidarização do Estado, chegando, agora, ao cúmulo de envolver, também, nas suas obsessões bélicas, instituições que nunca deveriam ter saído dos quartéis para missões contra um partido com representação parlamentar e que por sinal ainda é o maior partido da oposição.
As sucessivas rondas negociais que teimaram em produzir mais desentendimentos do que concórdia são outra prova que atesta uma tremenda inaptidão para dirigir um Estado com tantas oportunidades que não podem ser desperdiçadas, mas têm sido frustradas por um homem com “h” pequeno, com tão pouco sentido patriótico que já não consegue viver sem se tornar exaustivo em slogans maníaco-depressivos
É totalmente inadmissível que no País possa haver quem o queira colocar à beira de sacrificar vidas inocentes, pôr em risco infra-estruturas e adiar o futuro, por causa, por exemplo, de uma tal paridade a nível dos órgãos eleitorais, que afinal nos parece matéria tão simples que só quem queira viciar a vontade popular ou impedir os cidadãos de votar, pode ter algo em contrário a isso.
Se a Renamo tem nessa matéria o seu principal ponto de negociação, é difícil perceber a razão da intransigência do Governo.
Se de facto as eleições não têm vindo a ser decididas a nível dos órgãos eleitorais, qual é o problema do senhor PR aceitar a paridade na CNE?
Até hoje, o senhor Guebuza e a bancada da Frelimo na AR ainda não apresentaram nenhum argumento capaz de sustentar a intenção de ter mais membros do que outros, na Comissão Nacional de Eleições (CNE) e no Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE). E qualquer pessoa minimamente avisada não tem outra hipótese senão suspeitar que com tal intransigência, de facto, só se pode pretender alicerçar quem teme a paridade por saber que nessas condições não ficam salvaguardados resultados eleitorais de gabinete, diferentes dos das urnas fruto da vontade popular, em caso de necessidade como em 1999, com Chissano.
Já vimos o Governo do partido Frelimo em várias eleições usar forças paramilitares fortemente armadas para assustar o eleitorado. Vimos a CNE cúmplice. Já se viu isso suceder na Beira, em Quelimane e em Inhambane e em muitas outras partes do País.
Está visto que um partido que se diz popular, como a Frelimo, ao ter medo da paridade só pode estar com medo do Povo.
A insistência da Renamo poderá vir a não ser satisfeita, mas os cidadãos sabem agora perfeitamente que Guebuza está com medo que o seu partido se afunde nas mãos dele.
Que medo terá Guebuza de eleições que sejam de facto decididas por via do voto popular?
Tem medo que o Povo moçambicano passe um certificado de inutilidade e de incompetência à obra que ele deixou na Frelimo e no País?
Simular negociações em que claramente a intenção deste Governo é alcançar a falta de consenso, quando movimentações militares paralelas provam que Guebuza não está comprometido com a estabilidade do País e com a Paz, não será comportamento cínico típico da mais refinada espécie de charlatães? Quer o PR que o Povo o julgue um charlatão?
Já tínhamos alertado que a movimentação de tanques de guerra para a província de Sofala não tinha outra finalidade que não fosse a de bombardear
Sadjundjira/Gorongosa. Hoje a máscara do senhor Guebuza caiu.
Ficou provado com o assalto à casa do presidente da Renamo que é Guebuza a permanente fonte de instabilidade em Moçambique.
Num país mergulhado na pobreza, onde há famílias que pernoitam sem ter tido uma única refeição, onde mulheres grávidas morrem à procura de um posto de saúde para darem à luz, onde pessoas consomem água imprópria, em que nas cidades os cidadãos são transportados como se de gado se trate, o Governo deste mesmo País importar material bélico de pesado calibre para pôr compatriotas a matarem-se uns aos outros, é sensato?
Não há dinheiro para pagar salários dignos aos Polícias, Professores, aos Médicos; não há dinheiro para se construir habitação condigna para os mais necessitados, mas há dinheiro para armas que se pretendem usar a matar moçambicanos?
Isso só pode realmente acontecer num Estado gerido pelo crime organizado e delinquentes de provas dadas. Não com um Governo sério.
Armando Guebuza, comandante em chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, foi quem ordenou o ataque a Sadjundjira e até prova em contrário visava assassinar Afonso Dhlakama.
Anunciar que quer dialogar com alguém e pelas costas organizar o assassinato da pessoa com quem diz querer resolver os problemas não é próprio de gente séria.
Esse comportamento é típico de alguém sem escrúpulos. É típico de quem se está nas tintas para as consequências dos seus actos.
A postura bélica de Armando Guebuza não é nova.
Quando o senhor Dhlakama foi viver para a rua das Flores em Nampula, este mesmo senhor Guebuza mobilizou tanques de guerra e contingente policial para atacar a sua sede.
Dhlakama agora foi viver para Sadjundjira e o mesmo Guebuza ordenou que a sua casa fosse atacada. De novo o mandou cercar.
Efectivamente, o senhor Armando Guebuza quer a Paz ou quer lançar os moçambicanos numa guerra fratricida?
Será que o senhor Guebuza terá noção que a sua infantilidade pode abrir um ciclo de violência sem precedentes?
Em nenhum momento Dhlakama e suas forças de segurança constituíram perigo para a população, quer em Nampula, quer em Gorongosa.
O desespero toma conta da população só quando o senhor Guebuza manda tanques de guerra para esses locais.
Quem é afinal o desestabilizador?
Quem afinal tem saudades dos horrores da guerra?
O senhor Armando Guebuza ao guindar-se ao segundo mandato prometia acabar com a Renamo e com o senhor Dhlakama. Não resultou a sua campanha de ridicularização e antes porém tem sido o próprio senhor Guebuza a sair ridicularizado disto tudo. Agora tem como estratégia assassinar um cidadão que é tão moçambicano como ele. Num país normal, na Alemanha da senhora Merkel ou nos EUA do presidente Obama se um chefe de governoinsinuasse que desejava matar um cidadão era logo preso. Aqui ainda se pretende arranjar paliativos para um psicopata? Moçambique não pode continuar a ser um País onde as Forças Armadas e as outras forças de defesa e segurança permitam que as usem para satisfazer caprichos infantis de uma pessoa.
Assumamos que o senhor Armando Guebuza consiga assassinar o líder da Renamo. O que fará com outros membros da Renamo? Vai incinerá-los? E com os restantes partidos da oposição? Vai prendê--los? E com os jornais? Vai mandá--los fechar? E acha que se fica a rir?
Quem pensa o cidadão Armando Guebuza que é mais do que os outros moçambicanos?
Não sabe que estamos a viver num País democrático?
Não sabe que a Democracia tem regras que não dependem do mau humor de um cidadão?
Se o senhor Guebuza não se contenta com a democracia, é livre de abandonar o País e nos deixar em paz.
Sobre o “exército” da Renamo insiste-se que um Estado não pode ter dois exércitos. Mas a questão é que o senhor Guebuza transformou as Forças Armadas num exército da Frelimo e o problema é que o Estado acabou sem exército nenhum.
Um exército único livre de tribalismo, partidarismo, e maquinações não é do tipo que o senhor Guebuza pensa.
Precisamos de facto de um exército único, de cultura de Estado, mas seguramente os apetites singulares pelo poder eterno do senhor Guebuza dizem-nos que ele não serve para garantir isso aos moçambicanos.
Moçambique tem todas as condições para ser um grande País, mas seguramente o senhor Guebuza e as suas escolhas não são os mais apropriados para que este nosso
País atinja um patamar elevado.
Lutemos todos pela Paz. Unamo--nos contra esta autêntica má sorte que nos saiu na rifa!!!!
CANALMOZ – 25.10.2013