Principais acontecimentos que marcam a crise política entre a Renamo, principal partido da oposição em Moçambique e a Frelimo, o partido no governo, nos últimos 12 meses. 2012 01 de outubro : O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, ameaça impedir a realização de eleições autárquicas, em 2013, e gerais, em 2014, em Moçambique "se a Frelimo não aceitar rever o pacote eleitoral". 04 de outubro : Moçambique assinala o 20º aniversário do Acordo Geral de Paz assinado pela Frelimo e a Renamo.
04 de outubro : O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, elogia Afonso Dhlakama, "pela forma como tem contribuído para a consolidação da paz”. Discursando na cerimónia principal dos 20 anos de paz, o chefe de Estado moçambicano qualifica o líder da Renamo um "parceiro dos acordos de Roma". 23 de outubro : A Renamo exige que Armando Guebuza, se desloque à antiga base militar do movimento, para negociar a formação de um Governo de Unidade Nacional. 31 de outubro : A Frelimo desmente a existência de um plano para invadir, com recurso a mercenários, a Serra da Gorongosa onde o líder da Renamo se instalou com centenas de antigos guerrilheiros. 02 de novembro : A Assembleia da República de Moçambique aprova uma resolução em que dá 15 dias às bancadas parlamentares da Frelimo, Renamo e MDM para resolverem as divergências que mantêm na revisão da lei eleitoral. 05 de novembro : A Renamo acusa a Frelimo de estar a realizar um "censo clandestino" dos seus antigos guerrilheiros na província de Nampula, norte do país.
23 de novembro : O governo de Moçambique nomeia uma comissão para dialogar com a Renamo, na sequência das queixas do maior partido da oposição de que os acordos de paz assinados em 1992 não são cumpridos.
04 de dezembro : A Renamo ameaça boicotar as eleições gerais e autárquicas, caso a lei eleitoral seja aprovada sem consenso entre as principais forças políticas do país.
05 de dezembro : O chefe da delegação da Renamo na formação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique acusa o Governo de manter apenas quatro oficiais superiores da antiga guerrilha contra 27 da Frelimo. A formação de um exército misto, composto por 15 mil militares indicados pelo Governo da Frelimo e igual número da antiga guerrilha da Renamo foi uma das decisões do Acordo Geral de Paz, assinado em 1992 para acabar com 16 anos de guerra civil no país.
11 de dezembro : O Governo moçambicano e a Renamo terminaram num impasse a segunda ronda de negociações sobre a situação política no país. 20 de dezembro : A Renamo diz que vai "partir para ações concretas" após o "infeliz desfecho" do diálogo com o Governo sobre a situação política em Moçambique. 2013 03 de janeiro : A Renamo denuncia à Agência Lusa um alegado plano de assassínio do líder, Afonso Dhlakama, e de outros 12 quadros superiores do partido. 08 de fevereiro : A polícia de Marínguè, centro de Moçambique, detém quatro supostos membros da Renamo por alegado "sequestro e tortura" do primeiro secretário local da Frelimo, no poder, mas a oposição garante que se tratou duma "retaliação popular".
11 de fevereiro : O Presidente moçambicano promulga o pacote eleitoral aprovado pela Assembleia da República de Moçambique, abrindo caminho à marcação do ciclo eleitoral. 25 de março : A Renamo apela aos militantes, na Beira, centro de Moçambique, para não se recensearem, visando materializar o plano de boicote às eleições autárquicas de 20 de novembro. 02 de abril : A Renamo assume estar "preparada para a guerra" contra a alegada "arrogância" do Governo de continuar o processo eleitoral contestado pela força de Afonso Dhlakama. 03 de abril : A polícia de Sofala ocupa a sede da Renamo no distrito de Chibavava, centro de Moçambique e detém 15 ex-guerrilheiros. 03 de abril : O vice-ministro do Interior moçambicano, José Mandra, diz que as forças de defesa e segurança "estão em prontidão combativa para garantir a ordem" face às ameaças da Renamo. 04 de abril : Elementos da Renamo atacam o comando distrital da polícia em Muxunguè, Sofala, centro de Moçambique fazendo quatro mortos e oito feridos. 05 de abril : Armando Guebuza, reage aos confrontos entre polícia e Renamo, no centro de Moçambique afirmando que "o povo não pode viver assustado". 07 de abril : A Renamo desmente a autoria de ataques no centro do país, contra dois autocarros e um camião-cisterna, que causaram três mortos.
12 de abril : Elementos da Renamo e quadros do Ministério da Defesa de Moçambique iniciam um encontro visando diluir a tensão que se vive no país. 17 de abril : Os bispos católicos moçambicanos consideraram que o Acordo Geral de Paz "não está ultrapassado" e que a existência de homens armados da Renamo é uma situação "anómala”. 20 de maio : O governo moçambicano e a Renamo retomam negociações. 25 de maio : Nove elementos da Força de Intervenção Rápida, grupo de elite da polícia de Moçambique, ficam ligeiramente feridos por disparos de ex-guerilheiros da Renamo. A Renamo acusa a polícia de ter atacado seguranças do partido na Gorongosa. 28 de maio : A Renamo avisa que vai reagir a tentativas de desarmamento dos guerrilheiros pela polícia moçambicana, mas aceitará a desmobilização por via negocial. 11 de junho : O Governo de Moçambique e a Renamo concluem a ronda negocial sem alcançarem acordo sobre a legislação que regula os órgãos eleitorais.
20 de junho : A Renamo anuncia que vai impedir a circulação ferroviária e rodoviária no centro do país, para travar um alegado "movimento belicista" do Governo.
21 de junho : Ex-guerrilheiros da Renamo atacam um autocarro de passageiros e um camião de carga na região de Machanga, Sofala, centro de Moçambique.
22 de junho : A circulação na estrada nacional 1, entre Save e Muxúnguè, centro de Moçambique, é “reaberta" sob forte medidas de segurança, após ataques atribuídos à Renamo. 24 de junho : A empresa Caminhos de Ferro de Moçambique anuncia a suspensão da circulação de comboios de passageiros na província de Tete, centro de Moçambique, devido à insegurança que se vive na região.
04 de julho : O líder da Renamo assume os ataques de homens armados em Muxúnguè, Sofala, centro de Moçambique. 12 de julho : A transportadora rodoviária de passageiros Intercape, de capitais sul-africanos, anuncia a retirada da sua frota que faz o troço Maputo e Beira, devido aos ataques por homens armados. 13 de agosto : A Renamo reivindica a morte de 36 militares e polícias das forças de defesa e segurança moçambicanas, a 10 e 11 de agosto, numa "ação de autodefesa".
21 de agosto: A Renamo requer a nulidade da Comissão Nacional de Eleições de Moçambique junto do Conselho Constitucional, por considerar que o órgão, "não está devidamente constituído e enferma de ilegalidade. 08 de outubro : A Renamo anuncia a suspensão das negociações com o Governo sobre a crise política no país, exigindo a participação de "facilitadores nacionais e observadores internacionais".
14 de outubro : Afonso Dhlakama considera "boato" informações atribuídas ao partido de que estaria disposto a uma guerra mais longa que o conflito de 16 anos que travou contra o Governo moçambicano. 17 de outubro: O Ministério da Defesa de Moçambique afirma que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique "abateram" dois homens armados da Renamo, no centro do país, em resposta a uma "emboscada". 21 de outubro : O Ministério da Defesa de Moçambique nega que tenha planos de atacar Sandjudjira, região onde reside o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, mas ameaça responder em caso de provocação por parte do principal partido da oposição. 21 de outubro : A Renamo diz que o exército moçambicano "fustigou e tomou" a residência de Afonso Dhlakama, obrigando-o a abandonar a casa para um local não revelado.
LUSA – 22.10.2013