A RENAMO não compareceu ontem a mais uma ronda de diálogo
político com o Governo. O chefe da delegação governamental, José Pacheco, disse
a jornalistas no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, local
onde decorre o diálogo, que não houve nenhuma comunicação da parte da “perdiz”
por via dos canais estabelecidos, manifestando a sua indisponibilidade.
Segundo explicou, o Governo foi ontem ao local onde decorre o diálogo na sequência da comunicação que fez manifestando a sua disponibilidade para mais uma ronda. Refira-se que as rondas do diálogo entre o Executivo e a Renamo têm acontecido ordinariamente às segundas-feiras, salvo se cada uma das partes comunique à outra, por via dos canais estabelecidos, a sua indisponibilidade.
José Pacheco disse que na comunicação feita à Renamo sobre a disponibilidade do Governo para mais uma ronda ontem, que seria a 25-, também foram remetidas as actas para que a delegação do maior partido da oposição no país assinasse, conforme está plasmado nos termos de referência do diálogo.
Segundo a fonte, o Executivo igualmente manifestou a disponibilidade do Presidente da República, Armando Guebuza, de se encontrar com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, bem como de contribuir com recursos para custear as despesas logísticas decorrentes do transporte para Maputo, alojamento e alimentação da equipa técnica militar da “perdiz” encarregue de tratar com a comissão de peritos governamentais questões inerentes às forças de defesa e segurança.
Sobre a falta de recursos para fazer deslocar a Maputo a sua equipa técnica de especialistas militares, José Pacheco considerou estranha a alegação da Renamo, uma vez que, segundo afirmou, possui recursos para fazer celebrações.
“É estranho, porque tem (a Renamo) recursos para fazer celebrações, mas não há recursos para vir tratar de questões vitais da vida dos moçambicanos”, disse.
Na circunstância, afirmou que o Governo foi acolhido (no fim-de-semana) com um ataque protagonizado por homens armados da Renamo contra as forças de defesa e segurança na província de Sofala, sendo que estas não tiveram outra opção senão responder à medida da agressão.
“Viemos aqui também para repudiar o ataque”, disse sublinhando que as forças de defesa e segurança têm a missão de garantir a soberania, integridade territorial, a ordem, tranquilidade e segurança aos cidadãos moçambicanos.
Estes e outros acontecimentos levaram o chefe da delegação do Governo ao diálogo político a afirmar que se está perante três facções da Renamo. Uma que pretende fazer transparecer e aceitar o jogo democrático na Assembleia da República, outra que quer o diálogo e uma outra ainda que age com recurso a balas.
José Pacheco transmitiu sentidas condolências às vítimas do ataque desejou rápidas melhoras aos elementos das forças de defesa e segurança que, na circunstância, contraíram ferimentos e afirmou que o Governo mantém-se disponível para o diálogo, embora reconheça ser um exercício difícil devido às obstruções da Renamo.
Entretanto, ouvido telefonicamente pela nossa reportagem, o chefe da delegação da Renamo ao diálogo, Saimone Macuiana, disse constituir falta de consideração a alegação de que não houve comunicação sobre a sua indisponibilidade para a ronda de ontem, uma vez que, de acordo com as suas palavras, o chefe do gabinete do líder do maior partido da oposição enviou uma mensagem ao secretário do Conselho de Ministros informando a situação.
Saimone Macuiana explicou que a delegação da Renamo havia estado em Santungira para participar nas cerimónias alusivas ao 17 de Outubro, dia em que faleceu André Matsangaíssa, em 1979, onde ficou retida.
NOTÍCIAS – 22.10.2013
NOTA:
- Mas
comparecer para quê? Aliás, será que o Partido RENAMO ainda pode ser
considerado legal? Pacheco não saberia que Santujira estava a ser atacada e ocupada?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE