Figura pouco conhecida nos manuais oficiais da História de Moçambique, Luís Joaquim Marra foi um dos moçambicanos que se juntaram a luta armada de (1964/1974) movida pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e que culminou com a independência do país em 1975.
Marra figura da lista dos combatentes que participaram na histórica Operação Nó Górdio, de Julho de 1970, em que o exército colonial português saiu vencido dos seus planos de acabar com a FRELIMO em seis meses.
Luís Joaquim Marra nasceu a 26 de Setembro de 1946, no distrito de Caia então Vila Fontes província central de Sofala e morreu a 5 de Setembro de 1973 em Muidumbe, província nortenha de Cabo Delgado, assassinado numa emboscada perpetrada pela tropa colonial portuguesa contra a FRELIMO.
Hoje, ele foi homenageado em cerimónia de Estado dirigida pelo Presidente da República, Armando Guebuza, por ocasião da passagem dos 40 anos do seu desaparecimento físico deste herói nacional.
Viemos aqui recordar que a cortina espessa da máquina colonial de opressão que ofuscava os horizontes dos homens e mulheres de Caia não logrou travar os fulminantes ventos de liberdade e independência que viriam a dar um rumo nobre à vida de Luís Joaquim Marra, disse o estadista moçambicano, falando durante a cerimónia que teve lugar em Caia, terra natal do malogrado.
Segundo Gebuza, Joaquim Marra sentiu desde a tenra idade a opressão colonial, primeiro na discriminação no acesso à formação e, mais tarde, no emprego, particularmente quando trabalhava nas Oficinas Gerais dos Caminhos de Ferro de Moçambique, na Beira.
Todavia, não se limitou a contemplar e a lamentar esperando que alguém alterasse essa situação política com impacto na sua vida e progresso, disse Guebuza, anotando que, ao invés, cedo Marra integrou a rede clandestina da FRELIMO, tendo participado na mobilização de mais moçambicanos para se juntarem ao movimento de resgate da nossa dignidade e contribuído para dar uma maior expressão aos diferentes movimentos cívicos que despontavam e animavam a vida cultural, e de forma discreta,
Depois de se juntar ao movimento em 1967, Marra iniciou os seus treinos no Centro de Preparação Político-Militar de Nachingwea, na vizinha Tanzânia, onde estava baseada a Frelimo, e teve formação em artes de guerrilha e em outras matérias da ciência militar.
Mais tarde, ele foi estudar para a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e após o regresso juntou-se a Frente de Cabo Delgado, fixando-se na Base Ngungunyane, uma base que, segundo o Chefe de Estado, assumia um papel de grande importância estratégica para a FRELIMO e para o avanço da Luta de Libertação Nacional.
Dentre várias funções assumidas durante a luta, Marra foi Comandante Provincial Adjunto de Artilharia em Cabo Delgado e simultaneamente era responsável pelo Comando do 2/o Sector.
Luís Joaquim Marra, que integra o panteão dos nossos heróis, é um nome que se deve invocar sempre que for necessário para buscarmos inspiração para continuarmos a consolidar a Paz e, deste modo, prosseguirmos a nossa luta contra a pobreza que já está a dar resultados bem vincados mesmo aqui, em Caia, disse Guebuza.
O programa de homenagem a Luís Joaquim Marra incluiu uma visita a casa da sua família e ao cemitério familiar bem como a inauguração dum monumento em memória a este herói nacional.
No comício popular que se seguiu a estas actividades, foram apresentadas diversas mensagens de louvor a este herói nacional. Apresentando a sua mensagem, João Massango, do partido Ecologista, disse que a cerimónia acontece numa altura em que o país vive momentos de incerteza devido ao que chamo de ameaça as conquistas da independência nacional e a paz.
Massango, que falava em nome dos partidos da oposição em Moçambique, referia-se ao clima de tensão vivido no país nos últimos meses devido a ataques perpetrados por homens armados da Renamo, principal partido da oposição, que já resultaram em dezenas de vítimas.
Massango apelou o Chefe do Estado para persuadir o Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, a abandonar as armas e a resolverem as diferenças através do diálogo.
MM/DT
AIM – 26.10.2013