Filipe Madinga da AIM na Ilha de Moçambique
Os residentes da Ilha de Moçambique, na província de Nampula, região norte do
país, pedem a criação de postos de trabalho para seus filhos, porque após a
conclusão de seus estudos acabam ficando desempregados.
Intervindo no encontro popular que a Primeira-dama moçambicana, Maria da Luz
Guebuza, orientou hoje, no posto administrativo de Lumbo, zona continental da
Ilha de Moçambique, os residentes disseram que a pesca é o único emprego
existente para seus filhos depois de concluírem os estudos, mas para pescar não
é preciso estudar.
Sara Remigio, uma das intervenientes, explicou que a situação surge porque 'na
ilha não existe nenhuma fábrica ou empreendimento capaz de absorver a
mão-de-obra disponível localmente.
A pobreza não pode acabar porque os nossos filhos estudam, mas não têm emprego. Queremos que sejam formados e depois levados para trabalhar noutros pontos do país, porque aqui o único emprego que existe é a pesca, vincou Remigio.
Respondendo a esta preocupação, Maria Guebuza explicou que os jovens são formados para trabalharem em qualquer região de Moçambique, sem nenhum tipo de discriminação, porque a pobreza só pode acabar com o trabalho todos.
Apelou aos jovens para se aplicarem muito nos seus estudos, explicando que as empresas seleccionam os melhores estudantes, ou seja aqueles que terminam os estudos com boas notas.
Os alfabetizadores aproveitaram a oportunidade para se queixarem da falta de pagamento de seus subsídios, que estão atrasados cerca de oito meses.
As autoridades locais afirmam que este problema surge pelo facto de a maioria dos abrangidos não ter conseguido reunir em devido tempo a documentação necessária para o pagamento dos subsídios.
A esposa do Presidente da República explicou que o sistema actual de pagamento no Aparelho do Estado exige a apresentação da documentação com informação completa do beneficiário. Por isso, apelou aos que estão em falta para regularizarem a sua situação para que o subsídio seja pago o mais breve possível.
Todos os problemas que abordamos neste encontro têm a ver com a pobreza. Os jovens devem formar-se em áreas profissionalizantes para trabalharem na exploração dos recursos naturais, disse Maria da Luz, apontando as província de Cabo Delgado e Tete como exemplos de algumas regiões que precisam de mão-de-obra qualificada.
Segundo a Primeira-dama, se os moçambicanos não mandarem os seus filhos à escola estarão a perpetuar a pobreza, porque eles são o futuro do país, com a tarefa da continuar a trabalhar nas diferentes áreas de desenvolvimento.
As crianças devem ser a nossa grande preocupação porque Moçambique vai acabar com a pobreza. Por isso, temos que nos preocupar não só com a pesca mas também com o acompanhamento dos estudos dos nossos filhos. Temos que saber se estão a estudar e se têm bom aproveitamento, disse.
Maria da Luz destacou que a reprovação de uma criança na escola representa um prejuízo enorme não só para a família que tem que voltar a comprar materiais para repetir a mesma classe, bem como para o país, porque a criança repetente acaba ocupando a vaga que seria destinada a um novo ingresso.
A esposa do Presidente Guebuza chamou atenção aos pais para que garantam uma alimentação adequada para seus filhos, destacando que existem crianças que passam apenas uma refeição por dia e vão a escola com fome apenas porque mãe não teve tempo para confeccionar um lanche.
Explicou que a falta de uma alimentação adequada afecta o rendimento escolar das crianças e sua capacidade intelectual, consequentemente o seu rendimento escolar.
Na ilha de Moçambique Maria da Luz Guebuza também visitou a Associação Cultural das Mulheres, o Centro de Saúde de Sangane e reuniu-se com organizações sociais.
Na sexta-feira, a Primeira-dama escala a cidade de Nacala Porto.
MAD/SG
AIM – 17.10.2013