Uma curta viagem para uma radiografia no Hospital Rural de Muxúngué, no centro de Moçambique, quase custou, hoje, a vida a Massani Mussanga, que, primeiro, foi metralhada no carro em que seguia, e, depois, salva pelos atacantes.
Massani, uma mulher de 76 anos, da vila de Machanga, seguia num pequeno autocarro de passageiros, quando homens armados, possivelmente da Renamo, atacaram o veículo, causando a morte de uma pessoa e ferimentos graves em mais três passageiros, entre os quais uma criança.
"Quando dispararam, o autocarro ficou sentado e nós tivemos que fugir pela janela, mas a minha mãe como tem gesso no pé não pode sair", disse à Lusa, Rita Muroca, filha de Massani, falando naquele hospital, poucas horas após o atentado.
"Quando olhei para trás, o autocarro estava a arder e só pensei que a a minha mãe estava morta", lembrou.
Mas quando olhou melhor, viu que mãe estava sentada em segurança na berma da estrada, o autocarro continuava a arder e os homens da Renamo tinham desaparecido.
Falando em ndau, o dialeto da província de Sofala, Massani diz que só se lembra de ter sido tirada do autocarro pelos atacantes, que a levaram ao colo para a berma.
"Foi bom", concluiu, enquanto espera que lhe tirem a radiografia a uma ferida que fez no pé quando andava a trabalhar na sua machamba.
O ataque de hoje voltou a relançar a questão da segurança na principal estrada do país, numa zona em que o trânsito circula integrado numa coluna militar.
No entanto, segundo o diretor do Hospital Rural de Muxénguè, o veículo de passageiros que fazia a ligação Machanga-Beira, não seguia integrado na coluna, embora transportasse um militar, fardado e armado.
Na segunda-feira, forças do exército ocuparam a base da Renamo em Sadjundira, a cerca de 250 quilómetros s norte do local onde hoje ocorreu o atentado, expulsando dali o líder do principal partido da oposição, Afonso Dhlakama.
Na sexta-feira, Renamo anunciou que naquele ataque foi morto o seu deputado Armindo Milaco.
Lusa – 26.10.2013