As nossas primeiras palavras são de total agradecimento ao temido Secretário do Trabalho Ideológico da FRELIMO, obreiro-môr da orientação, condução e direcção do Partido em todas suas vertentes. Esta posição privilegiada no seio do Partido , impõe -lhe por dever ético e moral a assumpção do bom e do odioso da organização.
Infelizmente recorda-se de todos os momentos bons com
uma impressionante memória, e por mais paradoxal que pareça,
ela é gasosa quanto aos malefícios, crimes e outras atrocidades
perpetradas por si ou com o seu silêncio ou cumplicidade.
A acompanhar esta capacidade, relativamente aos seus nefastos feitos
envolve-se num rol de contradições que põem qualquer mundano a duvidar da
sua sanidade mental. Para ilustrar esta asserção basta atentar para o título
da sua entrevista publicada no semanário Savana de 18/10/2014 , com o
título "A FRELIMO de hoje não aceita crítica e muito menos fazer
auto-crítica "
Este intróito sugere de facto uma FRELIMO onde a crítica é
abominável, o que é inteiramente falso. Aliás, o próprio entrevistado diz ter
verberado publicamente intervenções com laivos de racismo em pleno Congresso da
FRELIMO que é o Órgão mais alto, facto que revela que afinal a sua afirmação de
não aceitação da crítica na organização, é falsa.
Falou Jorge Rebelo e falaram muitos outros cidadãos, foi ovacionado e não censurado e nem tão pouco julgado pelas suas ideias. Não há em Moçambique quem não tenha acompanhado a sua intervenção naquele Fórum, e a sua intervenção foi propalada para o mundo a sete ventos. Mas afinal qual é o seu problema? É por não ter sido reconduzido a membro do Comité Central? É por não simpatizar com qualquer dos dirigentes da "actual" FRELIMO?
Parece que sim, já que introduziu no vocabulário político moçambicano a ideia da existência de duas FRELIMOS, a de hoje e a de ontem.
A aceitarmos esta sua tese podemos publicamente afirmar que a FRELIMO de hoje deu-nos a liberdade de expressão, a liberdade de opinião, a liberdade de reunião, a liberdade de escolhermos os nossos dirigentes através do voto expresso nas urnas. A liberdade de circulação, a liberdade de tomar iniciativas para combater a pobreza, as liberdades individuais atribuídas e reconhecidas a todo o cidadão no mundo moderno, a liberdade até do surgimento de jornais do quilate desse de que se serviu para dar a sua "grande" entrevista. A liberdade que até libertou o Jorge Rebelo para aparecer em público e em jornais, a fazer o que no tempo do seu reinado como ideólogo do Partido e Ministro de Informação, configuraria um crime de traição eivado de reaccionarismo, porque criticando assuntos do Partido fora das estruturas, seria matéria de medidas draconianas que só lembram mesmo o seu reinado.
Está escrito e registado em devida nota nos anais da nossa história, que no tempo do seu reinado, o país era regido segundo as regras da ditadura do proletariado, ora ditadura, adjectivada ou pincelada com as cores mais lindas ou não, ditadura é sempre ditadura, e é uma negação sagaz da democracia e consequentemente da crítica e da autocrítica. Melhor dito, não existe sequer discussão de ideais. Há ordens rígidas emanadas na senda da máxima: quem não está connosco está contra nós.
Sabe, o senhor é mesmo maldoso e amante despudorado da ilicitude e a sua alma maledicente não sossega, enquanto não encontrar epítetos insultuosos contra muitos de nós. Hoje, depois de nos ter brindado com insultos como xiconhocas, corruptos, javalis, macacos procura agora besuntar-nos com as cores do lambebotismo e de incompetentes, ou seja, quem se atrever a falar bem de Guebuza, é lambebotas, quem reconhecer os seus feitos, e que são vários, vira lambebotas!
Quer saber uma coisa senhor Jorge Rebelo? Enquanto o senhor e demais apaniguados seus se desdobram em cada dia que passa, em insultos, críticas de trazer de casa ou mesmo em entrevistas encomendadas contra Guebuza, mais engrandecem esse Grande homem, que além de patriota, dotado de uma inteligência rara, é acima de tudo, de uma capacidade de tolerância sem igual, pois, pelo mal que Jorge Rebelo e sua clique lhe fizeram em todo o vosso reinado, nem devia suportá-los.
Em algum momento e quando li alguns escritos de Silvestre Nungu, por quem nutro uma forte simpatia, considerei haver alguns exageros neles, mas com a sua Grande Entrevista, sou levado a acreditar que Nungu tem razão em toda a sua extensão. Como é que o senhor se pode atrever a chamar-nos de lambebotas? Para não o sermos, temos que pensar como o senhor? Ou está numa tentativa de amordaçar a todos os que têm cargas de razão para lhe criticar e apelar, para que as suas culpas, e são várias, não continuem solteiras, pois têm um namorado como o senhor?
O senhor na sua entrevista tem o desplante de criticar a qualidade da educação, mas na verdade, quem foi que destruiu a educação, não foi o senhor e os seus?
Em prol do escangalhamento do Aparelho do Estado, não foram vocês que acabaram com a qualidade da educação ministrada pelos professores formados no Alvor, pelas instituições religiosas e mesmo pelas escolas oficiais?
Se há alguém que concebeu, e incubou pepinos de pequenos até grandes, esse alguém é o Jorge Rebelo e os seus. Na verdade, a qualidade da sua educação senhor Jorge Rebelo, é deveras surpreendente, que mesmo na sua fértil imaginação, consegue enxergar o que outros não enxergam. Virei e revirei a minha pobre imaginação, própria de um incompetente lambebotas, para ver se encontrava na dita menção pelo Presidente, a moçambicanos genuínos e não genuínos, algo que indicasse pretos ou brancos, não digo mulatos, porque esses, ou são filhos da minha mãe ou do meu pai, mas confesso, não abarquei nem meiei (desculpe o meu português).
Quando se tem culpas no cartório ou quando se vive ruminando verdades inconfessáveis, a imaginação torna-se fértil até de mais, o que muitas vezes nos leva a confessar em voz alta os nossos segredos ocultos.
Senhor Rebelo, quando disse a Samora que ele comportava-se como ditador, ele não considerou o seu pronunciamento como ofensa, porque na verdade, Samora entanto que homem era generoso e aberto, o que sem sombra de dúvidas teria sido diferente, se um eu tivesse dito exactamente a mesma coisa a Samora na sua presença, porque aí, não Samora, mas você, teria interpretado isso como desnaturado atrevimento, e usando da sua imaginação torpe e criminosamente inventiva, tudo teria feito para eu exemplarmente engolir o meu atrevimento. Os seus temores, senhor Jorge Rebelo, junto de Samora, eram reflexo do que o senhor faria a um eu que se atrevesse apelidar-lhe assim.
Por favor, senhor Jorge Rebelo, parem de nos tratar como imbecis. Somos muito humildes e com uma capacidade enorme para compreender e perdoar.
Já que não nos resta mais nada, já nos insultaram e nos insultam todos os dias, onde até os nossos dirigentes, incluindo o Presidente da República, em nome da liberdade da imprensa, não escapam a esses insultos, algum dia, teremos que dizer basta, e se as instituições do Governo não têm capacidade para parar com esta perversão à nossa cultura, à nossa maneira, nós vamos acabar com isso.
O nosso maior orgulho é esta Pátria duramente conquistada, incluindo os seus símbolos. Críticas construtivas sim. Cultura de insultos não!
Sargento Aposentado
JORNAL DOMINGO – 27.10.2013