1. A génese do
movimento
Qualquer pessoa com o mínimo de dois dedos de testa sabe que
a RENAMO, sarcasticamente apelidada de “restos
mortais” pelo presidente da primeira República, Samora Moisés
Machel, foi criada para dar continuidade ao fascismo derrotado no teatro de
guerra/guerrilha que durou 10 anos. Sabe também que a RENAMO é fruto de
fascistas portugueses, meus conterrâneos, num leque que incluí Jardins, Serras
Pires, Fernandes, Soares, entre outros, num casamento promíscuo e adúltero com
o Apartheid dos Bothas e o
fascismo de Smith, o Ian.
Com o surgimento dos “restos
mortais” muitas expectativas foram criadas em volta do retorno
ao fascismo e a um colonialismo moderno, porém o sonho cedo se ruiu por vários
motivos, a descoberta da manha tuga pelo Afonsinho e, que a afastou, pela morte
precoce do regime de Smith e latente do Apartheid,
que deu lugar a uma RENAMO terrorista a solo, sem qualquer ideal se não o do
sangue, recorrendo a algumas palavras de ordem deixados pelos tugas, como o
“abaixo o capitalismo”, abaixo o marxismo-leninismo, entre outros, porém sem
nunca saber o que é que significavam tais palavras.
Com a assinatura dos Acordos de Roma, a manha tuga, que
serviu de cabo de câmara para os italianos, pensou poder ter de volta o seu
protagonismo, que se prontificou a afinar a ideologia da RENAMO. Porém,
“Afonsinho”, mais uma vez espertinho, recebeu aulas e afastou os tugas e, que
se viram frustrados, recorreu aos intelectuais urbanos sedentos de
visibilidade. Quem não se lembra dos finados Quelhas, Alone, dos Jafares por ai
em diante.
O casamento intelectual também não durou muito, afinal o tio
Afonsinho e os seus correligionários das matas que não entendiam e não entendem
de democracia, começaram a caça contra as bruxas e correram com os intelectuais
que já constituíam sombra aos manos terroristas.
Deu “boom” (bomba) na RENAMO, os tugas mais uma vez forram
escorraçados, os intelectuais também e a direita internacional vestida de
embaixadas, consulados e ONGs solidarizou-se e diminuiu os deveres para com o
Afonsinho, que continuava um aliado a ter em conta por causa do seu “core business”, armas e confusão.
Como nada acontecia, havia a necessidade de encontrar outsiders para continuar com confusão e
semear ignorância, nesse sentido todos compulsaram uma alternativa viável que
pudesse repartir o protagonismo com o “régulo” de Satungira.
Do compulsar concluiu-se um projecto condenado à morte à
nascença, o PDD de Raúl Domingos, um actor que gerava desconfianças pelas suas
inusitadas incursões pelas negociatas, basta recordar que este à troco de
alguns meticais hipotecou uma negociata do partido, talvez porque tenha sido
honesto em reconhecer a impureza do que se lhe mandara pedir.
Condenado a morte precoce, o PDD, urgiu encontrar
alternativas e é ai que surge o Movimento Diabólico de Moçambique, MDM; forjado
pelo apadrinhamento do Todd e de outras chancelarias, convidado o PCN, os
intelectuais expurgados da RENAMO e os desejosos de consideração social que
visualizaram a tão esperada ascensão.
A promiscuidade é marca de nascença do movimento, pelo facto
de diplomatas em exercício não poder ser políticos em países terceiros, pelo
facto de membros do PCN (movimento criado anteriormente e sem qualquer
expressão) terem sido absorvidos para o movimento, mantendo a sua qualidade de
membros daquele partido e por causa de outros com passados por vários partido
onde até hoje são militantes.
Criado o movimento, havia necessidade de o dotar de
estruturas directivas, tendo surgido o nome de Daviz Simango, filho do conturbado
Urias Simango, reaccionário para os camaradas de luta de libertação, tese
comprovada desde a génese da FRELIMO, pois este queria a todo custo liderar.
Quem o quiser saber pergunte ao velho Kalungano, Marcelino dos Santos. Daviz é
oriundo de Sofala, donde é também Afonso Dlakhama. O mano Lutero, menos
traquina, acompanhava o seu maninho verdadeiramente traquina.
Daviz Simango que fora candidato da RENAMO ao município da
Beira e tornara-se independente e conquistara a câmara, para além de beirense,
tinha a imagem em alta para dirigir o movimento e seria usado como rosto de
vitimização da FRELIMO pela morte do seu pai, que ascendera ao cargo de
vice-presidente e apresentava sinais de humildade e perseverança (cobra em
gestação) e foi a escolha consensual.
Já nessa altura o domínio dos beirenses era notório.
Criado o movimento, os seus representantes deslocaram-se a
Europa e, seu santuário, escalaram vários países, dentre eles a Bélgica,
Holanda e Portugal. Neste último país os encontros não tinham como participantes
os moçambicanos por lá radicados, mas sim os ex colonos e o manifesto foi a
promessa de devolução dos imóveis por estes deixados aquando da independência
de Moçambique, o que valeu inúmeros apoios ideológicos e monetários, algo que
similarmente aconteceu nos outros países, porém, ai com promessa de partilha
dos recursos naturais de Moçambique. Alertei nessa altura a muitos sobre a
impossibilidade de isso acontecer, mas era muita a vontade nesse sentido,
aguçada pela irreverência dos Serras Pires que como intermediários tinham em
mão várias propostas de investimentos para Moçambique.
Os intelectuais da moçambicanos na diáspora entusiasmavam-se
com o projecto e predispunham-se a ajudar, ouvi falar de Kawaria, Katawala e,
assumidos, outros que a partir de Maputo assumiriam a militância com o tempo,
falo de Egídio Vaz, Venâncio Mondlane (filho mal amado de um veterano da
FRELIMO), José Belmiro, Matias Guente, Veloso, Lima, Nhamirre, Edgar Barroso
entre outros (perdoe-se-me se tiver escrito mal algum deles).
Para a propaganda, ainda que sem compromisso de militância,
para alguns, o movimento contaria com os préstimos de um perigoso tridente,
apesar de já débil, formado por Fernando Lima, Machado da Graça e Veloso, todos
eles ligados a propaganda da primeira República. Para quem não se lembra, a
grandiosidade de Samora Machel foi por estes construída, sob arquitectura de
Aquino de Bragança, Óscar Monteiro e outros.
E assim se criou o movimento!
Enquanto houver saúde e vida, mais há por escrever…
JORNAL DOMINGO – 13.10.2013
NOTA:
Só é pena que este texto não seja assinado.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
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