Não há ambiente – Renamo
O actual porta-voz oficial da Renamo, Fernando Mazanga, considera não existir ambiente para o prosseguimento de “um diálogo sério e genuíno” entre a sua organização e o Governo dirigido pelo partido Frelimo.
Mesmo assim, Mazanga disse que a delegação da Renamo far-se-á esta segunda-feira ao Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano em Maputo para reiterar a necessidade da presença de facilitadores nacionais e observadores internacionais no diálogo entre as partes, bem como a suspensão da perseguição do seu líder, Afonso Dhlakama, presumivelmente em fuga há mais de uma semana.
Mazanga fez estes comentários ao Correio da Manhã na tarde da passada sexta-feira, depois de difundir a informação de que o deputado da Renamo Armindo Milaco morreu no dia 21 deste mês na sequência do ataque das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) contra a residência de Dhlakama nas matas de Sadjundira (Cm 4188, págs. 1 e 2).
“Ele (Milaco) foi atingido por estilhaços de um obus disparado pelas tropas governamentais”, detalhou Mazanga, garantindo que Afonso Dhlakama e o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, “estão a salvo e em local seguro”.
Fazia já tempo que Milaco se havia retirado das cidades para se juntar a Dhlakama em Sadjundira, de onde tentavam pressionar o Governo da Frelimo a aceitar o princípio de paridade na composição dos órgãos eleitorais que deverão dirigir os pleitos autárquicos de 20 de Novembro próximo e gerais de 2014.
Desde segunda-feira (21 de Out.) que Afonso Dhlakama, alguns dos seus colaboradores mais próximos e elementos da sua guarda pessoal encontram-se em lugar incerto, depois de a residência do líder partidário, no centro de Moçambique, ter sido tomada por uma coligação das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.
Grande perda
Comentando o sucedido, o porta-voz da bancada parlamentar da Renamo, Arnaldo Chalaua,considerou a morte “uma grande perda” para o partido, uma vez que Milaco era também chefe nacional para a mobilização da organização, mas uma baixa igualmente para a Assembleia da República, dado que era um “deputado interventivo e Membro do Conselho de Administração” do parlamento moçambicano.
O comandante em chefe das FDS e Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, justificou o assalto à residência de Dhlakama como “legítima defesa” por parte das FADM, afirmando que elas vinham sendo alvo de ataques por parte dos homens armados da Renamo.
Afonso Dhalakama instalara-se em Sadjundira, na província central de Sofala, em meados de Outubro de 2012, alegadamente como forma de protestar contra a
alegada ditadura do partido Frelimo, no poder desde que Moçambique se tornou independente em 1975, face à recusa desta força política em aceitar a exigência da oposição de incorporar o princípio da paridade na lei eleitoral.
CORREIO DA MANHÃ – 28.10.2013