O
Presidente da República insistiu hoje que os confrontos violentos com os
antigos rebeldes não implicam um regresso à guerra civil, reiterando que a
nação rica em energia permanece uma aposta segura para os investidores.
“Eu não penso, e este é um forte ‘não’, que estejamos de regresso à guerra”,
disse Armando Guebuza durante uma entrevista à agência AFP, quando Moçambique
vive o pior surto de violência politica desde o fim da guerra civil de 16 anos,
que terminou em 1992.
Este conflito, que colocou a Frelimo de Guebuza contra os rebeldes da Renamo,
levou à morte cerca de um milhão de pessoas e tornou Moçambique uma palavra
significado de sangrento extermínio mútuo.
Desde então o país tem florescido, graças à exploração do carvão e gás, e as
fações opostas mudaram a sua batalha para as urnas eleitorais.
Mas, à medida que o poder da Renamo se desvaneceu, o seu líder, Afonso
Dhlakama, retirou-se para a floresta, prometendo represálias se a riqueza
económica do país não fosse partilhada.
Uma série de incidentes entre os seus apoiantes e o governo levou os militares a lançarem um assalto às suas bases, iniciado em 21 de outubro.
Desde então, a Renamo declarou nulo e vazio o acordo de paz de duas décadas e homens armados têm lançado ataques na principal autoestrada do país.
Mas Guebuza, 70 anos, disse hoje que os confrontos se têm restringido a uma determinada área e sido de curta duração.
“Não penso que haja um problema no médio e longo prazo e estamos a fazer o nosso melhor para acabar com ele tão depressa quanto possível”, disse Guebuza, que falava na cidade de Chimoio, no centro oeste moçambicano.
“As coisas que estão a acontecer estão localizadas, e sabemos onde estão a ocorrer”, acrescentou.
Guebuza responsabilizou pessoalmente o seu velho rival da guerra civil Dhlakama pelo conflito, que tem afetado o centro do país, onde está baseada a maior parte das empresas do carvão e gás.
“Aparentemente, ele vê-se como perdedor e usa o que resta das suas forças [militares] para procurar provar que pode impor ao governo as suas decisões”, considerou Guebuza.
Dhlakama fugiu quando a sua base, situada nas montanhas da Gorongosa, caiu sob o domínio das forças do governo da Frelimo, sendo o seu paradeiro desconhecido.
Guebuza insistiu que o regresso da violência não prejudica o investimento: “Há muitas pessoas que estão a investir, mesmo hoje, com esta situação”.
LUSA – 31.10.2013