Solidariedade regional com influências na “deriva militar”
XAVIER DE FIGUEIREDO
O Zimbabué e Angola têm manifestado às autoridades moçambicanas compreensão e/ou apoio face à evolução que as suas políticas tendentes a resolver diferendos com a Renamo (CmN.° 4188 págs. 1 e 2)
A posição de ambos os países, em geral manifestada de forma discreta, é atribuída ao “espírito de irmandade” que liga todos.
Os principais elementos identificados no fenómeno são:
– Os processos conduziram à sua independência e afirmação nacional, relativamente similares na sua natureza e método.
– A sua conversão em regimes multipartidários, depois de experiências de extracção marxista-leninista; o modo como, ressalvadas as devidas diferenças, lidaram com as oposições então legalizadas, mas que, antes, tinham combatido.
– As afinidades/cumplicidades e interesses mútuos em geral criados.
Há indicações segundo as quais a posição de ambos os países (África do Sul também, embora com variações), previamente conhecida das autoridades moçambicanas, foi entendida como factor de solidariedade regional, decesivo nas equações que conduziram à chamada “deriva militar” do diferendo com a Renamo.
2.A vitória da ZANu/PF nas recentes eleições gerais no Zimbabué, favorecida por um nítido esvaziamento da anterior “má vontade” internacional contra Robert Mugabee um decréscimo de simpatias pela oposição, foi vista como um factor susceptível de encorajar uma política mais dura de Moçambique em relação à Renamo.
A posição da África do Sul também é tendencialmente benevolente para com o Governo de Moçambique, apesar do seu diferente enquadramento. O princípio basilar da posição da África do Sul consiste em evitar “a todo o custo” que Moçambique se transforme num foco de instabilidade capaz de alastrar a países vizinhos e à região.
CORREIO DA MANHÃ – 30.10.2013