Contrariamente ao que é sonho e desejo de larga e esmagadora maioria dos moçambicanos, a tensão político/militar não está a baixar de tom. Muito pelo contrário, está a aumentar a cada dia que passa, simplesmente porque os que tem o poder das armas querem exibir a sua musculatura, trocando tiros aqui e acolá e matando compatriotas que nada tem a ver com as zangas dos que tem o poder das armas. A coisa que mais irritante nisto tudo, é que os políticos que, contra a vontade popular, decidiram pela via das armas, todos os dias, sempre que tem oportunidade de estar diante de um microfone, vangloriam-se alegadamente por conhecer os requisitos e ingredientes necessários para a construção da paz efectiva. E dizem, esses políticos, que são os primeiros defensores da paz porque, no seu entendimento, a guerra destrói, mata aumenta a pobreza e pára o desenvolvimento. Entretanto, apresentam uma personalidade e mentalidade mesquinha e desprezível, daí que em surdina e diante dos “seus” planeiam, matar seus concidadãos, pura e simplesmente para defender os seus interesses e não o povo. É uma hipocrisia total que nos dá a liberdade de, com todas as letras, dizermos que esses políticos envergonham o país. a postura desses políticos dão-nos a liberdade de chamá-los de “políticos da vergonha”.
Infelizmente são os políticos que nos foram impostos mas porque a história não mente, acreditamos que vai se encarregar de julgá-los, caso o poder popular actual não consiga.
O nível de hipocrisia nos nossos políticos é tão alto que eles já nem sentem vergonha de, todos os dias, dizerem publicamente uma coisa e fazerem algo completamente diferente do que publicamente tem estado a defender. A prova do que estamos a dizer será confirmada, uma vez mais, a partir de hoje. Visitando Sofala, o Presidente da República vai, certamente, privilegiar o discurso da preservação da paz, do diálogo, do perdão e entendimento entre os moçambicanos. Meia volta e em surdina, vai procurar saber e orientar as posições que devem ser tomadas pelos militares que desde sexta-feira cercam, de facto, Santugira, a actual residência do líder da Renamo.
E esses políticos já disseram e reiteraram publicamente que não irão a Santugira nem à vila da Gorongosa apertar a mão de um compatriota que mostra sinais de fragilidade e frustração com a vida. Razões objectivas para a não ida a Santugira ou Gorongosa não existem senão invenções com muito fraca sustentabilidade.
Por causa destes “políticos de vergonha”, o cenário de guerra está, a cada dia que passa, a ficar mais evidente e claro. Parece que os dois políticos mais importantes da actualidade perderam a noção do quão valiosa é a vida, daí que a morte de mais um, mais 2, mais 3 moçambicanos (…), não lhes comove. Nem tão pouco.
Se calhar porque não morrem conhecidos directos seus. É hora, uma vez mais, de voltarmos a pedir que as duas partes ponham a sua mão na consciência e tenham em mente que uma vida deve ser preservada e defendida com tudo que estiver ao nosso alcance. Os autores morais da actual situação de matanças gratuitas concorrem, com este tipo de práticas, a um lugar num dos bancos do Tribunal Penal Internacional. Mas, acreditamos nós, primeiramente será o povo moçambicano a julgá-los por aquilo que fizeram na matança de pessoas inocentes e por aquilo que não fizeram na defesa das vidas que se perderam. Não haja dúvida em relação a isso, pois, não se pode aceitar que por meros caprichos políticos, os nossos políticos tenham decidido atirar o povo a mais uma situação de morte e partilha de espaço com animais selvagens quando à calada da noite são obrigados a deixar as suas palhotas e esteiras para o mato. Já chega de políticos hipócritas.
MEDIAFAX – 21.10.2013