O PRIMEIRO-MINISTRO de Timor-Leste, Xanana Gusmão, chorou segunda-feira ao constatar as más condições de alguns quartéis do Exército guineense, no dia em que trocou o fato civil por uma farda militar.
Segundo a agência Lusa, quando chorou, o primeiro-ministro timorense cumpria o terceiro de quatro dias de visita oficial à Guiné-Bissau, acompanhado pelo general António Indjai, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses e líder do golpe de Estado realizado pelos militares a 12 de Abril de 2012.
O contacto com as chefias militares aconteceu um dia depois de o líder timorense ter pedido aos políticos e militares guineenses, num discurso oficial, para acabarem com golpes de Estado e conflitos internos que estão a arrastar o país para a miséria.
Ao visitar ao quartéis, a realidade que encontrou deixou-o abalado. “Fui militar, não posso compreender como é possível que aqui vivam e trabalhem militares”, disse Xanana Gusmão aos jornalistas, tomado em lágrimas, e sem entrar em detalhes”.
“Vesti-me assim (com farda militar) para poder estar mais à vontade com os meus camaradas”, observou, ao chegar ao quartel do Estado-Maior General, onde foi recebido por uma parada constituída pelas chefias militares guineenses.
Após cumprimentar os presentes com continência e um firme aperto de mão, Xanana Gusmão depositou uma coroa de flores no mausoléu de Amílcar Cabral (pai da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde) e percorreu depois, todas as dependências do Estado-Maior. Sempre na companhia do general António Indjai, Xanana entrou na cozinha, onde conversou com as cozinheiras, nas camaratas dos soldados e também nos gabinetes dos chefes militares.
De seguida, Xanana Gusmão que se fazia transportar na mesma viatura que Indjai, visitou o quartel do Exército, onde também entrou em todas casernas. No final, em breves declarações aos jornalistas, Xanana Gusmão questionou as condições em que os militares guineenses vivem e trabalham, antes de ser levado por lágrimas.
“Peço paciência aos meus camaradas das Forças Armadas da Guiné-Bissau. Dias melhores virão”, conseguiu ainda dizer Xanana Gusmão, entre lágrimas e soluços de comoção.
NOTÍCIAS – 09.10.2013