AS autoridades angolanas estão a perseguir o Islão e ordenaram o fecho das mesquitas existentes, algumas das quais foram mesmo destruídas, acusou, em declarações à Lusa, o imã David Já, presidente da Comunidade Islâmica de Angola (COIA).
De acordo com a Lusa, as primeiras mesquitas começaram a ser fechadas em 2006, o que motivou então a intervenção da ONU, mas as autoridades angolanas mantiveram a pressão.
Segundo David Já, das 70 mesquitas que existiam, espalhadas pelo país, apenas cerca de 20 continuam abertas, a maior parte das quais na província de Luanda, mas com a ameaça de a qualquer momento serem obrigadas a fechar e os crentes que nelas rezam a sujeitarem-se a serem acusados do crime de desobediência qualificada.
Em 2011 e 2012 o encerramento das mesquitas parou, mas a partir deste ano intensificou-se com David Já a classificar os actos como "intolerância religiosa" e "violação dos direitos humanos".
"Os direitos humanos são uma garantia constitucional. Nós existimos aqui há bastante tempo, nunca houve qualquer acto ilegítimo contra o interesse legítimo do Estado", argumentou.
A legislação angolana sobre o exercício da religião em Angola, de 2004, exige que seja feito registo junto do Ministério da Justiça, provando a existência mínima de 10 mil fiéis e a presença em dois terços do país.
Formada maioritariamente por muçulmanos provenientes da África Ocidental e angolanos convertidos, a comunidade islâmica, que “sente a falta de espaços para rezar”, totaliza entre 800 mil e 900 mil fiéis, segundo David Já.
No final de Outubro último, o Ministério da Justiça indeferiu os registos apresentados por 194 organizações religiosas, entre as quais a COIA.
Sobre o que está por trás desta situação, David Já responde não ser "omnisciente", mas junta todos os pontos e destaca recentes posições expostas através da Imprensa local pela hierarquia da Igreja Católica.
PODER NEGA
Entretanto, um funcionário do Ministério da Cultura de Angola negou terça-feira que o Islão seja proibido no país. "Não há guerra em Angola contra o Islão ou contra qualquer outra religião", disse à AFP, Manuel Fernando, director do Instituto Nacional de Assuntos Religiosos, instituição do Ministério da Cultura. "Não há nenhuma orientação oficial para fechar ou destruir os locais de culto, sejam de que religião forem", garantiu Fernando.
De acordo com o Ministério da Cultura, os encerramentos ou destruições das mesquitas são legais se motivados pela ausência de qualquer título, de propriedade, licença de construção ou documentos oficiais permitindo erigir um edifício religioso.
NOTÍCIAS - 29.11.2013