Frelimo abanada em toda a linha
Os resultados parciais das eleições realizadas na passada quarta-feira em 52 autarquias (escrutínio de Nampula foi anulado) indicam um valente abanão da representação da Frelimo em toda a linha, apesar de este partido governante desde a independência de Moçambique ter “esmagado” o MDM na maioria dos municípios.Dados disponíveis indicam que a Frelimo venceu as eleições municipais em toda a região Sul de Moçambique.
A Frelimo venceu também em Gondola, província central de Manica, enquanto o MDM logrou manter as presidências dos municípios da Beira e de Quelimane, onde, pela primeira vez, vai, igualmente, dominar as respectivas assembleias municipais.
Na maioria dos restantes municípios do país a Frelimo ganhou as respectivas presidências mas perdeu largamente assentos nas assembleias municipais a favor do Movimento Democrático de Moçambique, que logrou ganhos que nem a Renamo alguma vez conseguiu.
“Filho da Renamo”
Em meios habilitados valorizam-se, entre os factores que favoreceram o MDM nesta empreitada, os seguintes:
a) O discurso sereno que cultivou na campanha tendente a cativar apoios de um eleitorado intranquilo face à crise político-militar;
b) Terá captado o voto de parte do eleitorado da Renamo que se auto-excluiu da competição, em discordância com a composição dos órgãos eleitorais; o MDM é visto em sectores do referido eleitorado como “filho da Renamo”;
c) O MDM revelou mais apurada capacidade de organização que a notada em eleições anteriores – à excepção do caso da Matola; o facto é associado a apoios materiais e técnicos mais vastos com que contou da parte de países nórdicos da Europa e de meios nos EUA, que também lhe dão amparo político;
d) A popularidade do partido Frelimo foi afectada pela presente crise político-militar e por episódios da campanha eleitoral, tais como os incidentes na Beira e de Mocuba, instintivamente associados a manifestações de intolerância.
CORREIO DA MANHÃ – 22.11.2013