Até conseguir alcançar a estrada e apanhar chapa para Chimoio
- Assegura que passou de vários postos de controlo policial, exibiu o seu BI e, se calhar, os agentes nem o reconheceram como Manuel Bissopo, SG da Renamo, daí que não teve “qualquer problema”
O Secretário Geral da Renamo, Manuel Bissopo, que repentinamente “surgiu” na cidade de Maputo e falou ao país e ao mundo a partir de uma concorrida conferência de imprensa, concedeu, esta terça-feira, uma entrevista ao semanário e ao diário media mediaFAX.
Na entrevista, Bissopo conta, entre vários episódios, as peripécias pelas quais passou aquando da saída forçada de Santungira, permanência na mata e início da viagem das matas da Gorongosa até a capital moçambicana. Desmente que Afonso Dhlakama e seus próximos tenham saído em debandada do “palácio” de Santungira, pois, segundo contou “o presidente disse: vamos sair e saímos andando”.
Segundo Bissopo, figura considerada como a número 2 da Renamo, a natureza foi e continua responsável por fazer sobreviver a Renamo e os seus homens, a partir mesmo da água para beber.
Aliás, explicou, “Gorongosa tem várias fontes de água pura”.
Em relação a viagem que começou a partir das matas da Gorongosa até chegar a cidade de Maputo, Manuel Bissopo conta que teve que sofrer e bastante.
Diz que teve que caminhar durante 7 dias, intercalados de descanso necessário e momentâneos, até chegar a estrada. Daí conseguiu apanhar um transporte semi colectivo de passageiros e de uma paragem a outra conseguiu chegar a cidade do Chimoio, na casa dos seus pais. Diz que chegou com as pernas completamente inchadas depois de ter andado na mata durante muito tempo. Depois de uma semana de repouso na casa dos seus pais e sentindo-se recuperado e em condições de continuar o trabalho político, Manuel Bissiopo diz ter rumado directo a Tete de carro. De Tete seguiu para Morrumbala, na Zambézia e depois para Quelimane. Em todos estes locais estava, segundo ele, a fazer trabalho político.
Questionado se a sua viagem não era permanentemente interrompida tendo em conta ser a pessoa que é e tendo em conta a actual tensão político/militar, Bissopo diz que não teve qualquer constrangimento.
“Me exigiam identificação e eu exibia o meu Bilhete de Identidade e tranquilamente passava” – explicou.
Acredita que alguns agentes que o exigiam o BI nem o conhecem de facto. Mesmo em situação de o conhecerem e reconhecerem, Bissopo diz que não poderia haver constrangimento na medida em que como deputado goza de imunidade.
Em Quelimane diz ter apanhado avião directo a Maputo também para continuar o seu trabalho político, incluindo participar na sessão da Assembleia da República e emitir a mensagem do seu líder, Afonso Dhlakama.
Sobre a morte do deputado Armindo Milaco, apontou que naquele momento não havia outra alternativa senão um enterro possível daquele que foi chefe de mobilização e propaganda da perdiz.
Nos próximos dias diz que vai iniciar um périplo por algumas províncias no sentido de fazer um trabalho de revitalização das bases. Numa narrativa interessante de alguns episódios que fazem o dia-a-dia de Afonso Dhlakama e seus homens, a entrevista completa pode ser lida na edição desta sexta-feira do semanário .Bissopo fala também do futuro político da Renamo, onde assegura que o partido continua firme nos seus objectivos. Aliás, disse ele, “maior parte dos objectivos estamos a conseguir concretizar”.
MEDIAFAX – 28.11.2013