Nas zonas de risco
O município da cidade da Ilha de Moçambique, está a registar, nos últimos tempos, um desenvolvimento social satisfatório consubstanciado na construção acelerada de infra-estruturas de habitação e comercio. Que peca, no entanto, pelo facto da mar maior parte das edificações ocorrerem em zonas consideradas propensas a inundações por serem baixas e alvo do fenómeno da erosão dos solos, susceptíveis, portanto, de provocar desabamentos e consequente +perda de vidas humanas« ou a eclosão de doenças coléricas mortais, incluindo a malária.
A zona continental do Lumbo, no município da Ilha de Moçambique é, segundo constatação da nossa reportagem, a mais afectada pelas construções em áreas de risco. Nos antigos campos de produção de arroz e de outras culturas alimentares que no seu ciclo de desenvolvimento exigem humidade constante, estão a ser edificadas infra-estruturas de habitação, algumas com material misto e outras com recurso ao precário.
Ainda no continente, concretamente no bairro Jembece, está a ocorrer a extracção de areia para construção civil e, nas proximidades das enormes crateras que ficam escancaradas, alguns munícipes não hesitam em desenvolver infra-estruturas, algumas das quais imponentes para fins habitacionais e de comércio. A despeito dos referidos locais se encontrarem com visíveis sinalizações de proibição para o desenvolvimento de obras de índole social e económico.
Alguns munícipes ouvidos pela nossa reportagem sobre o assunto, disseram que o seu atrevimento é movido pela necessidade de residir ou desenvolver actividade económica dominada pelo comércio de acessórios de meios motorizados, vestuário e calçado, além de produtos de mercearia, próximo da principal via de acesso à Ilha como forma de se aproximarem dos compradores.
Reconhecemos que existe risco e, por isso, andamos em correrias quando chove e, mesmo sem intensidade, registam-se alagamentos nesta área de Jembece. Mas, cada um e, de acordo com as suas capacidades financeiras, tem feito trabalhos de aterro para reduzir o risco de desabamento da casa residencial ou de comércio e garantir a manutenção dos acessos- referiuJanfar Ussene, comerciante e residenteem Jembece.
No entanto, o chefe do serviço distrital de planeamento e infraestruturas na Ilha de Moçambique, Juvenato Bernardo, disse que não foram emitidas autorizações para os munícipes desenvolverem obras nas zonas onde habitualmente se registam alagamentos ou que enfrentam a erosão dos solos, observando que alguns munícipes desafiam as autoridades levando a cabo os seus propósitos em locais proibidos ou inadequados para construções com o pretexto de falta de terrenos para o efeito, mas é tudo falso.
Acrescentou que o seu sector trabalha em estreita ligação com o Conselho Municipal da ilha, sobretudo nos aspectos relacionados à gestão do solo urbano e para prevenir a ocorrência de desastres nas zonas de risco. Frisou que elaboramos, em conjunto, o plano de estrutura nos bairros de Sanculo, Murromone e 16 de Junho, onde estão a ser alocadas parcelas aos munícipes que remetem o seu pedido à edilidade para ocupação do solo, acção que se insere no âmbito da expansão da cidade.
De acordo com Juvenato Bernardo, a ocupação de áreas de risco para construção de infra-estruturas só pode ser entendida como uma afronta ao poder local, acrescentando que já está em curso a colocação de placas adicionais em que se alerta para o perigo que constitui o desenvolvimento de obras nos locais susceptíveis a inundações e desabamento de casas, para além de se realizarem acções de sensibilização das comunidades para a observância das recomendações tendentes à salvaguarda do meio ambiente.
Ainda sobre a Ilha de Moçambique, a nossa fonte precisou que está em estudo um novo sistema de drenagem de águas pluviais para o bairro Esteu. Este bairro residencial da zona insular da cidade tem o solo abaixo do nível médio do mar e« para escoamento das águas negras e pluviais deve ser accionado o sistema que está suportado por uma electrobomba, cujo funcionamento acarreta custos financeiros alem de não ser sustentável num momento em que se degradam as condições de saneamento em razão do superpovoamento que regista neste momento.
Juvenato Bernardo revelou que as entidades governamentais locais estão a intensificar a produção de lajes para contemplar às famílias que ainda não possuem latrinas melhoradas nas suas residências, acção está inserida no esforço de acabar com o fecalismo a céu aberto que registou avanços significativos.
WAMPHULA FAX – 25.11.2013