UMA desinformação, cuja origem as autoridades militares, policiais e municipais ainda estão a investigar, tem vindo a agitar a cidade da Beira, capital provincial de Sofala, desde a passada terça-feira, tendo culminado na manhã de ontem com distúrbios que provocaram danos materiais em algumas viaturas, obstrução das vias públicas e na paralisação de algumas actividades económicas, sobretudo nos bairros de Maquinino, Manga, Macurungo, Vaz, Massamba, Goto, Praia Nova e Munhava.
Segundo apurámos da ronda que efectuámos por alguns bairros, um suposto recrutamento militar com características compulsivas estaria a ser alegadamente feito por militares usando viaturas civis e, noutros casos, segundo as mesmas informações, envolvendo civis também transportados em carros supostamente afectos a algumas instituições também militares.
Face à referida desinformação e consequentes acções de vandalismo, conforme observámos, muitos jovens insurrectos fizeram-se à via pública empunhando objectos contundentes e paus, incendiando pneus, virando contentores de lixo e ateando-os fogo o que só terminou depois da intervenção policial.
No bairro do Vaz, por exemplo, concretamente na antiga Estrada Nacional Numero Seis (N6), a obstrução da via também foi a opção usada pelos revoltosos que, tal como nos outros bairros, com recursos a pneus e paus, bloquearam a via na tentativa de importunar a circulação situação que, conforme aludimos, foi prontamente inviabilizada pela acção policial.
O mesmo cenário também se viveu nos bairros de Macurungo, Goto e na explosiva Munhava, onde residentes chegaram a ameaçar incendiar viaturas e impedir o trânsito.
Entretanto, a Polícia da República Moçambique (PRM), o Centro de Recrutamento Militar e o Conselho Municipal da Beira repudiaram a acção em conferências de imprensa separadas, tendo afirmado que já possuem equipas no terreno a averiguarem a situação, de modo a esclarecer-se a proveniência do boato e culpabilizar os seus mentores.
O delegado do Centro Provincial de Recrutamento, Carlos Michone, disse à comunicação social que o que está a acontecer é uma desinformação, cuja motivação se desconhece.
Recordou que na passada 2ª feira um grupo de 150 mancebos despediu-se do Governo e seus familiares para a sua incorporação no Exército, não se justificando, por isso, que haja algum recrutamento compulsivo, até porque muitos outros jovens inscritos ficaram sem poder ingressar nas FADM, mesmo na situação de voluntários.
Já o director da Ordem e Segurança Pública na PRM, Aquilasse Kapangula também repudiou situação acrescentando que já possuem equipas no terreno para apurar a origem do boato de forma que os seus autores sejam descobertos e responsabilizados.
O presidente do Conselho Municipal da Beira, Daviz Simango, afinou pelo mesmo diapasão, sublinhando que qualquer recrutamento obedece a procedimentos legais.
NOTÍCIAS – 28.11.2013