O investigador Fernando Jorge Cardoso afirmou sexta-feira que os resultados das eleições autárquicas moçambicanas demonstram fragilidade do Presidente, Armando Guebuza, mas também erros da Renamo, que se excluiu do escrutínio, tornando o MDM a segunda força política.
Investigador do Instituto Marquês de Valle Flor, Fernando Jorge Cardoso comentou assim à agência Lusa a atual situação política em Moçambique, após resultados preliminares que dão uma vitória eleitoral à Frelimo, partido no poder, surpreendido pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), com bons resultados em Maputo e Matola, além da reconquista da Beira e Quelimane. Fernando Jorge Cardoso considerou que “o reforço das forças políticas existentes e o aparecimento de outras, se se expressar em termos de perda do peso político da Frelimo, é algo de bom para o processo democrático” em Moçambique. “O MDM está a ocupar o espaço político deixado vago pela Renamo, exceto se houver alguma inversão dramática, vai-se consolidar como a segunda força política nacional”, afirmou o investigador. Os resultados provisórios das autárquicas de quarta-feira apontam que a Frelimo poderá conquistar 49 municípios, dos 53 em jogo, perdendo apenas os da Beira e Quelimane para o MDM.
“Acho que a Frelimo está a recuar, isso é absolutamente evidente. Está a recuar porque as expectativas criadas em torno destes últimos dados de crescimento económico em Moçambique, nos últimos anos, longe de se estarem a concretizar na melhoria de vida da população o que se verifica é o aparecimento de novos-ricos, muitos deles ligados às figuras e personalidades do regime”, explicou.
Nos centros urbanos do país, assinalou, “há um afastamento da população relativamente à Frelimo por causa deste fato em concreto, ou seja, os benefícios do crescimento económicos não estão a chegar a generalidade da população”. “O que é mais visível é o contrário. E o resultado de tudo isso é naturalmente a diminuição do peso político da Frelimo que está expresso nestes resultados e significará, espero, uma pressão sobre a Frelimo para modificar práticas e estratégias”, sublinhou Fernando Jorge Cardoso.
LUSA – 25.11.2013