DEPOIS do Mali, a França prepara-se para intervir militarmente na República Centro-Africana (RCA) com mil soldados e um projecto de resolução da ONU que propõe um prazo para o envio de forças de paz para o país em caos.
Cerca de 800 militares franceses estão a caminho para reforçar os 400 que já estão na RCA. O Ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, anunciou na terça-feira que mil soldados franceses serão colocados na RCA por cerca de seis meses para ajudar uma força africana a restabelecer a ordem.
O anúncio do ministro surge após a França ter submetido na segunda-feira ao Conselho de Segurança (CS) da ONU um projecto de resolução para reforçar a força pan-africana presente no país, com a perspectiva de a transformar numa força de manutenção da paz.
No mesmo projecto, Paris pede o apoio do CS para o uso da força pelas tropas internacionais. O objectivo é travar aquilo que funcionários da ONU designam como o risco de genocídio. A ONU, que teme que a RCA se torne "palco de um genocídio", iniciou na segunda-feira discussões sobre a situação no país, após o seu Secretário-Geral, Ban Ki-moon, apelar ao envio de 6000 “capacetes azuis”, e após Paris e Washington pressionarem a comunidade internacional a intervir rapidamente.
O projecto de resolução apresentado pela França deve ser votada próxima semana.
A RCA está envolvida em confrontos desde o derrube, a 24 de Março, do Governo de François Bozizé pelo chefe rebelde, Michel Djotodia, que se tornou presidente.
O primeiro-ministro centro-africano, Nicolas Tiangaye, referiu na segunda-feira uma "insegurança generalizada", "graves crimes de guerra e crimes contra a humanidade".
Ontem, a Amnistia Internacional (AI) defendeu que quando a ONU examinar as opções submetidas pelo seu secretário-geral relativas à manutenção da paz na RCA, deverá perceber a catástrofe humana de grande amplitude que ali se anuncia.
Segundo a PANA, na RCA, a situação agrava-se cada dia, sendo marcada por execuções extrajudiciais e outros homicídios ilegais, por violações sexuais e outras formas de violência sexual que visam mulheres e raparigas cometidas impunemente pelos membros das forças de segurança e pelos grupos armados.
”A crise está a escapar ao controlo e a comunidade internacional continua indiferente durante muito tempo”, deplorou o secretário-geral da AI, Salil Shetty.
“As pessoas morrem na RCA enquanto nós falamos. Devemos agir com urgência. Não há tempo a perder”, acrescentou da AI, citada pela PANA.
Num relatório divulgado a 30 de Outubro último, a Amnistia Internacional denunciou as violações dos direitos humanos cometidas em grande escala na RCA.
As imagens de satélite divulgadas uma semana mais tarde mostravam terríveis danos causados por estas violências, nomeadamente centenas de casas incendiadas e provas que atestam deslocamentos em massa da população.
A situação em termos de segurança deteriorou-se rapidamente desde Dezembro de 2012, quando a Seleka lançou uma ofensiva contra o ex-presidente François Bozizé.
Desde que a Seleka tomou o poder, em Março de 2013, as violências imputáveis aos seus combatentes e aos grupos armados da oposição escapam ao controlo, neste que é doravante um país exposto à anarquia. As tensões e os confrontos armados entre os diferentes grupos étnicos e religiosos estão a multiplicar-se, segundo a Panapress.
NOTÍCIAS – 28.11.2013