As quartas eleições autárquicas moçambicanas que tiveram lugar em 53 cidades e vilas do país, no passado dia 20 de Novembro, ficaram manchadas pelos actos de matança protagonizados pela Polícia da República de Moçambique. O caso mais grave foi o de Quelimane, em que um agente da PRM afecto a guarda do governador da Zambézia atirou deliberadamente para matar um jovem músico de 25 anos que animava a festa de comemoração da vitória do MDM e de seu candidato Manuel de Araújo. Nada justifica que a PRM tivesse de agir dessa forma.
As vitórias são para serem comemoradas, não importa quem seja o vencedor. Aliás, o próprio processo de eleição considera-se um momento de festa, pelo que nada justica a actuação da PRM de reprimir e matar cidadãos que se encontram a festejar suas vitórias. Analisando o decurso de todo o processo eleitoral nas 53 cidades e vilas, concluiu-se que estas eleições foram manchadas pela actuação arrogante da PRM. Mais grave ainda é que a arrogância da PRM foi mais notória nos municípios onde o MDM e seus candidatos venceram as eleições e naquelas autarquias onde o mesmo partido e seus candidatos estiveram próximos da vitória.
Significa que este processo eleitoral não foi projectado para qualquer um vencer, porque se não não teriamos assistido o que se registou pelo menos na Beira e Quelimane onde o MDM e seus candidatos sairam vitoriosos. Os políticos quando partem para eleições devem ter presente sempre a possibilidade de ganhar e ou perder. E perder uma eleição não significa o fim, muito menos o perdedor deve se sentir humilhado. Por isso, não deve hostilizar o adversário só porque ganhou. Costuma-se dizer desde a muito tempo que quem perdeu hoje pode ganhar amanhar. Até porque não foi tudo perdido. Das 53 cidades e vilas o que se sabe é que o MDM somente ganhou na Beira e Quelimane, não havendo razão para tanta mágoa. O segredo para continuarse a ganhar é estar mais próximo da realidade dos cidadãos e acertar na escolha dos candidatos.
O AUTARCA – 25.11.2013
NOTA:
Já alguém contabilizou os mortos e feridos desta “pacífica” campanha eleitoral em resultado da actuação da PRM?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE