O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, denunciou sexta-feira em Chimoio, Manica, centro do país, uma tentativa de “viciação” dos resultados, das eleições de quarta-feira, pelos órgãos eleitorais. Em declarações a imprensa, o delegado político do MDM em Manica, Manuel de Sousa, disse que a Comissão Provincial de Eleições (CPE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de Manica, estão a “fazer arranjos” nos resultados para dar vantagem à rival Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder). “Na madrugada de sexta-feira terminamos a contagem dos editais a que os nossos delegados tiveram acesso nas 168 mesas de Chimoio e vamos à frente com 51,1 por cento para presidente e 52,6 para a assembleia. Sabemos que há editais que ainda não foram entregues ao STAE e alguns presidentes de mesa estão a ser chamados para assinar novos editais falsificados”, precisou Manuel de Sousa. Dados preliminares divulgados na quinta-feira pelo STAE de Manica, indicam que Raul Conde, candidato da Frelimo a presidente do município de Chimoio, conseguiu 27.733 votos contra 24.502 de João Ferrão, do MDM, nas 168 mesas de voto daquela cidade. Na assembleia municipal de Chimoio, a Frelimo está à frente com 27.761 votos validos contra 24.267 votos do MDM, segundo o STAE de Manica.
“O MDM não assume as consequências desses resultados viciados”, declarou Manuel de Sousa, que assegura aguardar orientação da sede central do partido para anunciar os números conseguidos no escrutínio de quarta-feira. A contagem paralela feita pela Lusa na madrugada de quinta-feira, nas editais de 59 mesas de voto, de nove assembleias, nos bairros de elite e nas periferias indicavam que o MDM e o seu candidato seguiam à frente, com uma vantagem minúscula.
João Ferrão, candidato do MDM ia a frente com 9.915 votos contra 9.829 do seu adversário, Raul Conde, que concorre para a sua própria sucessão a presidente do município pela Frelimo, que governa a autarquia. Além da zona de elite, João Ferrão e o MDM conseguiram também votos nos subúrbios, onde a afluência é descrita como a mais baixa, incluindo o bairro da Soalpo, bastião da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que não participa da corrida em boicote ao processo.
O nível de abstenção está acima dos 50 por cento, o que para os observadores eleitorais resulta do “escrutínio ter decorrido em tempos de tensão”, devido as ameaças da Renamo de “inviabilizar as eleições”. Nos outros quatro municípios de Manica – Catandica, Manica, Gondola e Sussundenga - a Frelimo e seus candidatos vencem com margens folgadas.
Contudo, a Frelimo ainda não saiu à rua para celebrar a vitória, como tem sido o habitual.
LUSA – 25.11.2013