Egidio G. Vaz Raposo
A Televisão de Moçambique é um dos órgãos de informação incontornáveis no panorama mediático deste país. Possui jornalistas maduros, com muitos anos de experiência e conhecedores das entranhas do político e possuidores de uma bagagem ética assinalável. Por isso, a par da descrédito em que está inexoravelmente a cair ao olho público, eu continuo a assistir a maioria dos seus programas informativos incluindo o Quinta à Noite. A “cavalgada informativa” aliás, o Bom dia Moçambique é de longe o melhor serviço noticioso televisionado em Moçambique, seja do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Se extrairmos os segmentos políticos, a TVM oferece melhores conteúdos que qualquer outra televisão, principalmente se analisarmos o TRATAMENTO que se dá as matérias. Os entendidos na matéria vão concordar comigo. Ou também vão discordar.
Porém, nos últimos dias parece-me que certos programas como o Quinta a Noite tomaram outras feições. Feições menos informativas e sim mais propagandísticas. Aquele espaço transformou-se no matadouro da lucidez; o túmulo da análise; a sarcófago da verdade. E está sendo cada vez difícil para mim perceber como jornalistas de grande craveira como eles não conseguem produzir um programa de debates de forma competente, mesmo sendo prograpanda ao serviço de quem quer que seja. Tudo muito mal feito. Desde a constituição do tema à moderação inclusive a constituição do painel. Um programa que tenha como objectivo defender certos interesses mesmo que sejam governamentais ou partidários não impede que se chamem vozes opositoras mesmo que seja em número menor.
A felicidade dos trigémeos é resultado na relação kantiana da sua mãe com as outras. E se me permitir a sugestão, os trigémeos devem urgentemente dizer aos moderadores do Quinta a Noite para trazer os filhos de outras mães ao convívio televisivo para que o debate ganhe sentido. Se continuar assim, só a mãe dos trigémeos é quem assistirá os debates e assim não terá ideias para ainda ajudar no crescimento dos seus filhos. Ouvir a sua própria voz sempre e por muito tempo leva a perda de lucidez.