Para segurança no regresso de Dhlakama a Maputo
O secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, reapareceu em público desde o dia 21 de Outubro quando as tropas do Governo atacaram Sadjundjira.
Disse na manhã desta segunda-feira, em conferência de Imprensa na sede deste partido em Maputo, que Afonso Dhlakama só pode voltar à capital do País para encontro com o presidente da República, Armando Guebuza, quando houver garantias de segurança por forças “isentas” das Nações Unidas (ONU).
Quando as condições de segurança estiverem garantidas através de uma força internacional como os ‘capacetes azuis’, o presidente poderá vir, porque neste momento não há condições, dado que está a ser perseguido”, afirmou.
Bissopo, que disse encontrar-se em Maputo a mando do presidente da Renamo para comunicar os seus cumprimentos ao povo moçambicano e ao corpo diplomático, reiterou que o seu partido não está interessado na guerra.
“O presidente está bem de saúde, não saiu para nenhum País. Ele está dentro do País e acompanha atentamente o desenrolar dos acontecimentos da vida política, económica e social do País e dentro de alguns dias voltará a falar ao País e ao mundo. Ele mandou-me para aqui para explicar aos moçambicanos que está bem e dentro em breve voltará a falar para o seu povo”, disse o secretário-geral da Renamo.
Defendeu o diálogo como a única via para a resolução da actual crise política.
Mas condicionou: “o grupo da Renamo voltará à mesa com mediadores e observadores nacionais e estrangeiros”.
“Porque não as Nações Unidas, a SADC, União Europeia, que são grandes promotores de investimentos no nosso País, não podem intervir como intervieram no Zimbabwe, Malawi, Grandes Lagos e outros países da região?” questionou Bissopo, advertindo que “se a Frelimo não quer negociar seriamente, que nos diga para toda a gente saber”.
“Estamos dispostos a voltar para as conversações, apesar de não ter havido avanço desde Maio deste ano.
Discutíamos a Lei Eleitoral, embora a Frelimo tenha ignorado tudo”, concluiu a fonte que temos vindo a citar.
Assalto a Sadjundjira
O deputado Bissopo confirmou que no dia do assalto à base de Sadjundjira ele estava presente.
“Foi bom a Frelimo ter mandado atacar Sadjundjira, porque aquilo constituiu uma grande prova dos argumentos que o meu presidente dizia, que não podia sair de Sadjundjira senão a Frelimo atacaria. Os seus argumentos não eram percebidos, mas o ataque veio a provar”, observou o dirigente da Renamo.
Ele disse também que não houve muitos danos humanos porque o presidente estava presente. “Retirou-se da sua residência para evitar danos humanos. Saiu a andar e deixou todos os seus bens. As casas e a sala de conferências foram queimadas”, confirmou Bissopo.
Acrescentou que “o bom é que o presidente está bem de saúde e o azar é de termos perdido o chefe de Mobilização Nacional, o deputado Milaco, na sequência dos bombardeamentos de armas pesadas”.
Morte do deputado Milaco
Explicou que Milaco morreu no mesmo dia do ataque, duas horas depois de ter sido atingido por estilhaços de obuses.
“Ele quando foi atingido, os guardas do presidente o socorreram.
Carregaram-no, mas duas horas depois não resistiu aos ferimentos e perdeu a vida”, esclareceu.
“Povo votou contra a Frelimo como expressão de vingança”
O secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, pronunciou-se também sobre as recentes eleições autárquicas que a Renamo absteve-se de participar, e disse que a maioria dos que foram votar, “votaram contra os candidatos da Frelimo como expressão de vingança ao regime do dia, o que levantou um certo nervosismo da Frelimo que lhe levou a disparar armas em plena campanha eleitoral e na fase de apuramento, casos de Beira, Quelimane e Mocuba”.
“Quero saudar e agradecer a todos munícipes das 53 autarquias que se abstiveram de votar, acatando o apelo da Renamo, bem como aqueles que foram votar”.
Paridade na CNE e STAE
De acordo com Manuel Bissopo, as recentes eleições provaram que a Renamo e seu presidente têm razão nas suas exigências.
“Daí que é imperioso que o princípio de paridade na CNE e STAE, bem como os seus membros de apoio, os membros das mesas de voto, devem obedecer tal princípio, pois só assim será possível garantir que voto expresso figure no edital de apuramento, contrariamente ao que se assistiu nas recentes eleições”, afirmou a fonte.
Para além de não ter participado na votação, a Renamo diz não reconhecer os resultantes das recentes eleições autárquicas.
Necessidade de repor o estado de direito
Manuel Bissopo comentou igualmente as recentes manifestações promovidas pela Sociedade Civil.
Para o secretário-geral da Renamo, as recentes manifestações pacíficas nas províncias de Maputo, Sofala, Zambézia e Nampula levadas a cabo pela Sociedade Civil contra a onda de raptos e violência política fomentada pelo governo da Frelimo, não só carimbaram a lógica dos argumentos da Renamo e do presidente Dhlakama, de que chegou a hora do povo reagir para repor o estado de direito em Moçambique, mas também demonstraram o grande sentido pelo respeito à democracia.
“Por isso vai o nosso grande agradecimento a todo o povo moçambicano”.
Regresso à Assembleia da República
Na mesma ocasião, o secretário-geral da Renamo aproveitou para anunciar o seu regresso, na qualidade de deputado à Assembleia da República, a partir desta quarta-feira.
“Na quarta-feira estarei na Assembleia da República para cumprir o meu dever político de deputado”, anunciou Bissopo em resposta a uma pergunta de jornalistas, explicando não ter conhecimento da existência de qualquer documento ou outro instrumento legal que lhe retira o estatuto de deputado de que foi eleito pelo círculo de Sofala. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 26.11.2013