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Por: Noé Nhantumbo, Beira
É perigoso ignorar os sinais evidentes de que se vive uma crise política e militar em Moçambique.
A violência de todo o tipo que grassa no país reclama uma atenção especial de todos porque significa a limitação dos direitos políticos e económicos dos moçambicanos.
Não se pode ficar no silêncio num momento como este.
Todas as cartas devem ser colocadas na mesa e utilizadas para preservar a paz.
O fervor policial, os excessos de uma corporação que deve garantir a tranquilidade e segurança pública devem ser analisados com bastante sangue frio e com urgência.
De um lado há uma tendência de correr e culpar uma PRM com um passado de ineficácia e mediocridade operativa.
Incapaz de conter acções dos criminosos que sequestram cidadãos mas bastante efectiva em disparar contra indefesos civis esta PRM está a precisar de uma forma profunda e profissionalização que tragam respeito e credibilidade para uma corporação necessária e importante para o país.
Habilidades verbais do alto comando da PRM não significam ganhos em qualidade operativa e na obediência da lei.
Porta-vozes que se desenrascam a responder as inquietações da comunicação social sofrem de falta de informação numa cadeia montada para compartimentar e travar a disseminação da informação real.
Ninguém está contra a pertença a determinado partido político mas isso não pode ser e ter consequência no cumprimento das leis do país. Neste momento o que se pede ao governo é que criem condições concretas para uma actuação isenta da PRM. É da responsabilidade e prerrogativa do PR governar e deixar uma herança de paz a este Moçambique, nesta altura em que se aproxima o fim de seu mandato.
Não se pode continuar a adiar aquele entendimento que todos sentimos ser essencial para preservar a paz.
Quem quer paz não tem medo de bater-se por ela. Coloquemos todos os instrumentos ao serviço da paz e deixemos que desinteligências no percurso de construção do país não nos ponham na rota de colisão e da violência.
Não são as armas que vão resolver os problemas do país e isso é sabido por todos.
Somos moçambicanos e cabe-nos respeitar essa realidade e aceitarmos que só uma democracia limpa de enfermidades como fraude e patrocínios políticos ilícitos pode trazer a tranquilidade e serenidade tão necessária neste momento.
Não é tempo de contemporizar ou gerir falsas espectativas, produzidas por estrategas de qualidade credibilidade há muito corroídos.
Quem quer paz deve abrir-se a diálogos transparentes e abandonar os jogos dúbios vazios de conteúdos pacificadores.
Alguém pode estar redondamente enganado sobre as possibilidades que uma guerra pode trazer. Aqueles que se escudam numa SADC alegadamente unida e pronta para intervir a favor de suas hostes não está lendo correctamente a história. Moçambique já teve a sua soma de conselheiros militares estrangeiros, soldados e especialistas, equipamento militar pesado e ligeiro em quantidade e relativa qualidade mas os esforços belicistas não conseguiram trazer vitória alguma.
Os apologistas da obliteração de um suposto inimigo estão do lado errado pois não se pode obliterar um povo. Importa trazer realismo e patriotismo para a frente política nacional. A falta de razoabilidade e pretensiosismos exclusivistas está sendo fatal para as aspirações dos moçambicanos. Compartilhar Moçambique em paz é o único caminho a seguir.
O tempo do domínio totalitário acabou por força da luta incessante dos moçambicanos em prole da justiça, da paz e concórdia.
“Uma ilha de riqueza e opulência rodeada de um mar de pobreza” é o caminho mais certo para a intolerância, conflitos, raptos, roubos, guerras e tudo aquilo que os moçambicanos não querem nem desejam.
O AUTARCA – 25.11.2013