REFLEXÕES de: Adelino Buque
Parafraseando o bispo dos Libombos, Dom Dinis Sengulane, “a paz é bonita, não tem custos. A guerra é feia e má e custa muito caro”.
É evidenteque qualquer um sabe que a guerra é má pelosseus efeitos destrutivos, quer do ponto de vista dotecido económico, quer do ponto de vista do tecidosocial. Ou seja, a guerra é má em todos os sentidos.
Talvez seja benéfica para as potências produtoras de armas e seus negociadores. Os mesmos que nos dizem que devemos viver num planeta sem conflitos.
Então para quê?
A produção de armamento, desde as mais simples às mais sofisticadas! E, volta e meia, falam de sanções contra os que fazem guerra. Por que não sanções contra quem produz armas?
A tensão político-militar no país já começou a produzir efeitos negativos sobre a economia. A simples falta de livre circulação de pessoas e bens constitui, por si só, um entrave ao normal desenvolvimento económico. As esperas pela coluna e o tempo que leva a viatura para fazer chegar a mercadoria, se chegar, são um custo bastante significativo que o comércio, como é lógico, repassa ao consumidor.
O estimado leitor até poderá questionar sobre a lógica disso. Eu explico: se o comerciante não repassar essa factura ao consumidor, o mais provável é, dentro de muito pouco tempo, esse comerciante não poder adquirir mercadorias para o reabastecimento do seu estabelecimentoe, como consequência, fechar. É o residente que não tem onde adquirir produtos regularmente, é o comerciante que engrossa o exército dos desempregados, é o tecido social a entrar em crise por causa da economia, tudo por causa da guerra. O custo de vida começou a aumentar no Centro e Norte do país. O INE fala de um agravamento de 1,5% na cidade da Beira!
As consequências deste conflito não podem ser medidas pelo crescente custo de vida nas cidades do Centro e Norte de Moçambique somente. Existem outros efeitos que isto reproduz, mesmo a nível da capital do país e nas poucas indústrias nacionais que operam. São muitas as pessoas que, por não haver circulação de pessoas e bens, irão perder os seus postos de trabalho na cidade de Maputo e engrossarem o já não pequeno exército de desempregados nesta cidade. O comércio vai ficar com stocks acima do normal, resultando disso empate do capital ou capital estéril numa economia em que fazer depósito a prazo já não é atractivo. Resultado: o pouco que a pessoa tem vai acabar no consumo directo. O resultado de tudo isto é termos, na prática, pessoas que irão empobrecer cada vez mais.
Por tudo o que escrevi acima, é altura de se colocar um ponto final nesta guerra sem causa! É preciso unir-se esforços no sentido de levar a Renamo a retornar à legalidade e fazer a luta política clássica dos tempos de hoje.
Isto é possível; unamos esforços nesse sentido. Deixemos de olhar para aquele que tem razão e quem não a tem.
Na verdade, o efeito é igual, no final do dia.
As embaixadas sediadas na capital são convidadas a usarem o seu poder de persuasão para que o país retorne à legalidade. É preciso que se encontrem formas humanas de trazer o “pai da democracia” ao convívio dos seus compatriotas para que possamos desejar, efectivamente,
Festas Felizes e Próspero 2014, sem o que a vida continuará cada vez mais difícil, sobretudo para as pessoas mais carenciadas.
Festas Felizes e Próspero 2014.
PS: Por estas alturas e, para que possa preparar-me para as festas do Natal e Final do Ano, anuncio a entrada em férias desta coluna. Regressarei em Fevereiro do próximo ano. Contudo, caso seja inspirado por alguma razão, não deixarei de escrever.
Reiterados votos de Festas Felizes do Natal e Final do Ano.
CORREIO DA MANHÃ – 16.12.2013