CNE alterou resultados do apuramento intermédio em segredo
- A tendência de fazer as coisas em segredo e não responder a questionamentos pontuais de jornalistas contrasta com a promessa de maior abertura e transparência do presidente da CNE, Abdul Carimo Sau
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) alterou os resultados do apuramento intermédio distrital ou de cidade em segredo e, nalguns casos, os órgãos centrais de administração eleitoral não tiveram sequer em conta os números do apuramento intermédio de algumas circunscrições eleitorais.
Esta denúncia é retomadapela edição 54 do boletim daAWEPA/CIP sobre o processoeleitoral e o boletim estranha ofacto de nem a Comissão Nacionalde Eleições (CNE) e muito menoso Secretariado Técnico deAdministração Eleitoral (STAE)terem mostrado predisposição parao esclarecimento das razões doalto secretismo na contagemcentralizada (apuramento geral) devotos e ainda o facto de nalgumascircunscrições, os órgãos centraisterem ignorado completamente osresultados do apuramentointermédio.
O boletim, depois de contactar o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, João Beirão, conclui mesmo que “a CNE admite que ignora totalmente os resultados de apuramento intermédio publicados pelas comissões eleitorais distritais ou de cidade”.
O boletim da AWEPA/CIP sentiu-se obrigada a abordar esta questão com os órgãos de administração eleitoral (CNE/STAE), depois de aperceber-se de diferenças consideráveis nos números apresentados pelo apuramento intermédio distrital e de cidade e o apuramento geral, feito a posterior pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
“Em Angoche, a comissão eleitoral da cidade disse que havia 10 742 votos para o candidato vencedor da Frelimo a presidente, mas a CNE disse que ganhou 12736 votos. Isto significou que o STAE acrescentou 1 994 votos, o que foi um aumento de 19% na votação. E a CNE aceitou isso, sem comentários ou explicações.
(Deliberação não 70/CNE/2013 de 4 de Dezembro)” – denuncia questionando o boletim.
Os resultados da votação de 1 de Dezembro na cidade de Nampula, depois da anulação da votação de 20 de Novembro, também foram totalmente alterados quase na totalidade, ainda de acordo com o boletim.
“O STAE encontrou 1 309votos extras para presidente, o queparece suficiente para haveresclarecimento público, mas nadafoi dito em seu relatório formal(Deliberação no 71/CNE/2013 de11 de Dezembro)”.
Em torno disto, questionado pelo boletim, o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, João Beirão respondeu nos seguintes termos:
“Não tenho conhecimento sobre estas alterações. Nós recebemos os números do STAE e apenas adicionamos os números dos votos requalificados e publicamos.
O director do STAE ou seu portavoz são as pessoas indicadas para explicar essas mudanças” – justificou.
Entretanto, o boletim diz ter contactado, por várias vezes, o porta-voz do STAE, Lucas José, mas este pautou única e simplesmente pelo silêncio, o que contrasta com a abertura e transparência prometido pelo presidente da Comissão Nacional de Eleições, Abdul Carimo Sau.
MEDIA FAX – 27.12.2013
NOTA:
- Desde que seja a favor da FRELIMO está tudo “correcto”. Não são precisas explicações.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE