Uma sondagem de opinião pública realizada recentemente pelo semanário sul-africano Sunday Times, editado em Joanesburgo, indica haver, neste país, um crescente descontentamento contra a liderança do Presidente Jacob Zuma, com alguns sectores a exigirem a sua demissão.
O estudo foi publicado pouco tempo depois de Zuma ter sido vaiado por apoiantes do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder na Africa do Sul. O facto ocorreu durante as exéquias do falecido líder histórico sul-africano, Nelson Mandela.
O inquérito concluiu que 51 por cento de eleitores registados querem que o estadista sul-africano se demita, face ao escândalo relacionado com a utilização de fundos públicos na construção da sua residência, em Nkandla, no KwaZulu-Natal.
A sondagem mostrou ainda que 34 por cento dos inquiridos (o universo não foi especificado) disseram que não estavam ao certo se vão votar a favor do ANC, nas eleições do próximo ano, por causa de Zuma.
Outros acreditam que o Presidente Zuma desencaminhou fundos públicos em benefício próprio.
O seu antecessor, Thabo Mbeki, disse a uma cadeia televisiva britânica que o Presidente Zuma devia considerar a sua demissão caso o partido decida nesse sentido.
Mbeki abandonou a Presidência da República, em 2008, quando Zuma foi eleito para liderar o partido, em Dezembro de 2007.
O antigo Presidente da África do Sul reconheceu haver uma crescente frustração de sul-africanos por causa de corrupção e do rumo que o país está a tomar.
Quando olham para aquilo que está a acontecer, como a corrupção, que tende a tomar quase a todos os níveis do governo, os sul-africanos não têm outra opção senão a de se revoltarem, disse Mbeki.
Apesar de haver sinais de descontentamento contra Zuma, por apoiantes tradicionais do ANC, altos funcionários do partido no poder na África do Sul distanciaram-se das reivindicações de que o Presidente estaria a perder confiança no país.
Enoch Godongwana, membro do Comité Executivo Nacional (NEC), do ANC, disse acreditar que a humilhação de que Zuma foi alvo durante as exéquias de Mandela foi orquestrada por rivais do partido.
Godongwana disse não acreditar que no seio do mais antigo movimento de libertação em África haja frustração contra Zuma.
Para o analista político sul-africano, Adam Habib, tornou-se claro de que Zuma está sob pressão e o partido está perante uma difícil escolha.
Existem no ANC desafios como o que tem a ver com a demissão de Zuma que, se acontecer, traz o risco de esta organização se dividir, segundo Habib.
A fonte frisou que se Zuma não for forçado a abandonar o cargo, manchar-se-á a imagem do ANC, declinando o partido.
TIMES/ JD/mz
AIM – 15.12.2013