O CANDIDATO do governo “de transição” de Madagáscar, em vigor desde 2009, deverá vencer as eleições presidenciais, após a contagem de 96 por cento das assembleias de voto, mas o seu adversário já contestou os resultados, invocando “fraude maciça”.
De acordo com os números divulgados no sítio da Internet da comissão eleitoral, Rajaonarimampianina, apoiado pelo Presidente cessante, Andry Rajoelina, recolheu 53,3 por cento dos votos, após a contagem em mais de 96 por cento das mesas de voto.
Já Jean Louis Robinson, que foi condecorado pelo ex-presidente deposto, Marc Ravalomanana, obteve, até agora, 46,7 por cento dos votos.
A comissão, que será responsável por anunciar o nome do vencedor, deixa no entanto claro, no seu site, que se trata de um “resultado bruto não validado”.
Mas Robinson, que reclama existir uma fraude no escrutínio de 20 de Dezembro, está empenhado em utilizar todos os meios legais para contestar este resultado, pelo que a comissão eleitoral deverá ter de aguardar pelas conclusões do tribunal eleitoral.
Porém, nenhuma das missões de observadores estrangeiros presentes no dia da votação mencionou quaisquer manipulações, validando uma eleição “livre, credível e democrática”, sem fazer referência a fraudes.
Ontem, dois canais de TV transmitiram um destaque de duas horas sobre uma suposta fraude, incluindo o fornecimento de provas através de fotografias e vídeos. “Queremos provar que a eleição pode ter decorrido de forma calma, mas não transparente, e que houve fraude maciça”, disse Lova Rajaoarinelina, assessora de Jean Louis Robinson.
Pela SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), o moçambicano Leonardo Simão, que esteve envolvido nas negociações malgaxes, é citado pela Lusa a considerar “positivo” que as reclamações sejam apresentadas ao tribunal eleitoral, acrescentando: “É preciso também dar tempo a este órgão para que emita a sua decisão”.
Esta eleição pretende terminar com a crise política de Madagáscar desencadeada em 2009, depois de ser derrubado o Presidente Marc Ravalomanana por Andry Rajoelina, o presidente da Câmara de Antananarivo (capital) na época.
Rajoelina tornou-se então presidente de um regime não eleito e dito “de transição”. Desde então, Madagáscar mergulhou numa crise económica e social devastadora, devido ao fim da ajuda internacional e à saída dos investidores.
Nem Ravalomanana nem Rajoelina puderam participar na eleição presidencial, sob pressão da comunidade internacional, que temia problemas. Cada um deles escolheu apoiar um dos dois candidatos qualificados para a segunda volta das eleições.
NOTÍCIAS – 31.12.2013