PELO menos 40 criminosos morreram, ontem ,em Kinshasa, durante um sequestro num canal de televisão e trocas de tiros no aeroporto internacional da capital congolesa e no Estado-Maior general das forças armadas, anunciaram fontes do governo, citadas pela Angop.
"Dezesseis pessoas morreram no aeroporto, oito na RTNC (Rádio Televisão Nacional Congolesa) e 16 no Estado-Maior general. Não foram informadas vítimas civis ou entre as forças de segurança", declarou à AFP, Lambert Mende, porta-voz do governo.
Mende afirmou que os autores do ataque ainda não foram identificados, mas, numa mensagem divulgada na RTNC, destacou que a "agressão" procurava aterrorizar a população. "Não temos a impressão de que os criminosos tivessem outro objectivo que o de querer espalhar o pânico e o terror um dia antes da celebração do ano novo", disse.
Uma vez normalizada a situação, o governo da RDCongo pediu aos moradores da capital que retomem as actividades normais. Também pediu para que não se preocupassem com o aumento das medidas de segurança.
De acordo com a agência angolana de notícias (ANGOP), homens com machados e armas abriram fogo ontem contra a entrada da RTNC, segundo a polícia. Pouco depois o sinal da emissora foi cortado e tiros foram ouvidos no aeroporto internacional de Kinshasa no Estado-Maior general.
Um importante dispositivo de segurança, formado por policias, militares e pela Guarda Republicana, foi mobilizado nas ruas da capital congolesa, após um período de pânico, quando homens armados invadiram a RTNC, fazendo reféns vários jornalistas, ao mesmo tempo que eram ouvidos também tiros noutros pontos da cidade.
Um repórter da RTNC disse à AFP, que os autores dos disparos revelaram estar a agir em nome de um antigo ministro que foi candidato a Presidente em 2006.
Segundo esse jornalista, os sequestradores “estão a agir a mando de um ex-ministro derrotado nas eleições presidenciais de 2006 pelo actual Presidente, Joseph Kabila.
Antes da interrupção das transmissões da Rádio e TV estatais, dois homens armados apareceram nos estúdios para difundir o que parecia ser uma mensagem política contra o presidente Joseph Kabila, que assumiu o poder em 2001, após o assassinato do seu pai, Laurent Kabila: “Gideon Mukungubila veio para vos libertar da ditadura do ruandês”, disseram os dois homens, segundo a AFP.
Em 1997, as tropas apoiadas pelo Ruanda levaram a cabo um golpe de Estado para tirar Mobutu Sese Seko do poder, colocando Laurent Kabila, o pai do actual presidente.
O Presidente Joseph Kabila está no seu segundo mandato há dois anos.
A RDCongo, um vasto país no coração da África, tenta deixar para trás décadas de violência e instabilidade, especialmente no leste, uma região rica em recursos, onde milhões de pessoas já morreram por causa de fome e doenças evitáveis. A ONU tem uma missão de paz com cerca de 21 mil homens, a MONUSCO.
NOTÍCIAS – 31.12.2013