OS produtores do sector familiar, no distrito de Morrumbala, na província da Zambézia, mostram alguma resistência ao uso da tecnologia de tracção animal, visando alargar as áreas de cultivo e dos rendimentos agrícolas.
O director distrital das Actividades Económicas naquele distrito, localizado no Vale do Zambeze, Momade Mussa, disse há dias, em entrevista à nossa Reportagem, que a área lavrada na campanha agrícola 2012/2013 é extremamente inferior ao número de juntas de bois para tracção animal distribuídas nas comunidades pelo facto de os produtores não estarem a adoptar aquela técnica.
O nosso entrevistado disse que, no período em referência, foram distribuídas 226 juntas de bois em quase todas as comunidades, mas os produtores não as usam para as campanhas de lavoura, privilegiando apenas o carregamento de carga diversa e transporte de pessoas de um ponto para o outro dentro do distrito.
Momade Mussa afirmou que os técnicos de Extensão Rural e as autoridades comunitárias locais têm vindo a mobilizar as comunidades para apostarem na tracção animal de forma a alargarem, cada vez mais, as suas áreas de cultivo como estratégia para aumentar os rendimentos agrícolas, de modo a terem comida suficiente nos celeiros para fazer face aos períodos de fome compreendidos entre os meses de Março e Outubro de cada ano, bem como para a comercialização dos excedentes.
Actualmente, 217 famílias já têm juntas de animais canalizadas para a produção agrícola. Esta tecnologia é pouco conhecida entre os produtores na província da Zambézia e o esforço do Soverno e seus parceiros é massificar a sua utilização, com vista a aumentar a renda dos produtores.
No distrito de Morrumbala, grande parte das 78.248 famílias usa ainda a enxada de cabo curto, trabalhando numa área inferior a meio hectare na maioria dos casos. O Governo tem vindo a mobilizar os provedores de serviços agrícolas para a promoção de feiras agrícolas. Durante essas feiras, promovidas pelos Serviços Agrários e os provedores, as famílias adquirem instrumentos de produção como catanas, machados, enxadas e sementes melhoradas de hortícolas.
O director das Actividades Económicas em Morrumbala disse também que o número de produtores que usam sementes melhoradas subiu de 8562, na campanha agrícola 2011/2012, para 12.125, na safra passada, o que representa um crescimento na ordem de 43 por cento.
Momade Mussa afirmou que nas últimas três campanhas agrícolas o Governo e parceiros apostaram muito na reabilitação da capacidade produtiva dos produtores agrícolas, através da disponibilização de insumos agrícolas.
O distrito de Morrumbala alcançou uma produção de 479.149 toneladas de produtos diversos na última campanha 2012/2013. Este volume de produção corresponde a um crescimento de 3,5 por cento em relação aos resultados conseguidos na safra agrícola 2011/2012 de 388.776 toneladas. O distrito de Morrumbala tem vindo a destacar-se na produção de leguminosas e hortícolas que correspondem a 6,7 e 11,1 por cento da produção global no sector agrário.
O outro desafio, segundo ainda o nosso entrevistado, passa pela reabilitação do regadio Muriri, no posto administrativo de Chire. O regadio tem a capacidade de 400 hectares mas está, neste momento, a ser explorada menos de metade da capacidade disponível.
JOCAS ACHAR
NOTÍCIAS – 20.12.2013