Personalidades defendem intervenção do Estado para estimular poupança.
Sérgio Vieira
Antigo Governador do Banco de Moçambique
O dilema dos juros
P enso que ainda há uma distância muito grande entre o juro cobrado pelos bancos e aquilo que os bancos pagam como juro. Comparado com a região, temos a maior distância entre as respectivas taxas. É escandaloso! Creio que nenhum país faz isso. A economia de mercado não pode ser anárquica, porque depois conduz a resultados negativos. Quando se faz um depósito a prazo num banco, na hora do pagamento, o Estado cobra 10% sobre o valor do juro. Desta forma, quer ou não, o Estado incentivar a poupança? Ou está a penalizar a poupança.
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Ragendra de Sousa
Economista
Revitalizar comércio rural
Vamos restabelecer a economia rural, produzindo as ligações necessárias. Não podemos ter medo do comerciante, pois não é nenhum ladrão, é um agente económico. O comerciante monopolista em Montepuez é igual a qualquer outro monopolista maior, ele paga o que quer ao camponês. Então, vamos restabelecer a economia rural, não permitindo o monopólio. É preciso restabelecer a rede comercial rural. Há 40 anos, desde que a Agricom desapareceu, o campo ficou abandonado à sua sorte. Quantas lojas estão fechadas, por exemplo, entre Maputo e Bilene?
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Firmino Mucavele
Economista
O que é poupança?
Um agricultor, quando tem uma boa colheita, faz uma grande festa. Isso pode ser mau, do ponto de vista de poupança financeira, mas do ponto de vista de segurança alimentar, é muito importante. Há pessoas que aparentam ser pobres, mas possuem 200 cabeças de gado. Essa pessoa está a poupar. Há factores ecológicos e ambientais que aumentam a incerteza e os riscos, por isso, ele adopta um modelo de poupança diferente. Há também riscos de política fiscal e financeira que fazem com que o camponês não coloque o seu dinheiro no banco.
O PAÍS – 27.01.2014