Faltando um mês para a decisiva reunião do Comité Central da Frelimo, o jogo nos bastidores é cada vez mais forte e ameaça abrir feridas. A luta interna fez nascer dois grupos: a ala suportada pela actual direcção do partido e pelos antigos combatentes próximos do presidente da República e uma outra apoiada por elementos da governação de Samora Machel e Joaquim Chissano.
Os primeiros subscrevem a proposta da Comissão Política de levar à votação, no Comité Central, Alberto Vaquina, José Pacheco e Filipe Nyusi. O outro grupo não concorda e quer que Luísa Diogo esteja na lista dos candidatos a candidato da Frelimo ao mais importante cargo no país.
A direcção da Frelimo e os antigos combatentes com acesso ao Chefe de Estado entendem que um dos três pré-candidatos poderá manter a actual linha de governação do país, sem criar rupturas dentro do partido. O principal advogado destas candidaturas é o secretário-geral da Frelimo, Filipe Paúnde, que veio a público dizer que não há espaço para mais candidatos.
A afirmação do responsável pela máquina partidária era, no fundo, um recado às movimentações em sentido contrário às decisões da Comissão Política. Ou melhor, Paúnde avisava “aos de dentro e de fora” que o partido será inflexível a novas candidaturas.
Entretanto, fontes bem colocadas na Frelimo asseguram ao “O País” que uma nova ala, apoiada por Graça Machel, quer que Luísa Diogo concorra com os outros três ao lugar de candidato do partido.
Mas não é apenas pela mão de Graça Machel que a pressão está a ser feita. Elementos-chave da governação de Samora Machel e de Joaquim Chissano entraram na batalha. Pascoal Mocumbi, antigo primeiro-ministro, é um dos casos. O grupo é reforçado por alguns combatentes de luta de libertação nacional que lembram o papel de Luísa Diogo nas principais transformações económicas do país e na sua forte influência junto dos corredores mundiais.
Esta é também uma guerra de poder com fortes tendências étnicas que fez emergir grupos descontentes. Aires Ali e Eduardo Mulémbwè estão fora da corrida, mas o lobby Niassa não adormeceu. Aires Ali está a ser pressionado para avançar, só ainda não decidiu.
O País – 29.01.2014