Se não tiver BI então paga “refresco”
O processo de recenseamento militar que arrancou no passado dia 06 do mês em curso a escala nacional, está ser marcado por actos de corrupção protagonizado pelos agentes responsáveis pela inscrição dos jovens que procuram cumprir o seu dever patriótico. Juma Manuel, de 22 anos de idade, residente na unidade residencial do Manhaua, em Quelimane, disse ao «Diário da Zambézia» que muito recentemente logo após o arranque do processo, não conseguiu se recensear porque dos documentos exigidos apenas possuía na altura uma cédula pessoal. Segundo suas palavras, na altura em que foi dito que com a cédula pessoal não podia se recensear, foi questionado se não tinha outro documento para além deste que dizia ter. Como resposta, Juma Manuel, disse na ocasião que haviam sido roubados todos documentos e aquele era o único que “sobreviveu”.
E porque estava interessado em se recensear e inconformado com a resposta, a fonte voltou a questionar os porquês deste impedimento, uma vez que a cédula é um documento reconhecido pelas autoridades competentes, aliás, recorda que as coisas não se complicaram da mesma maneira na altura do recenseamento eleitoral onde o documento que foi rejeitado sempre foi aceite. “Se tiveres refresco podemos arranjar maneira”
Para este jovem, a situação tornou-se mais desagradável e surpreendente quando foi dito que, caso não teve-se outro documento e se ainda tinha vontade de se inscrever, podia ao menos arranjar e/ou procurar um refresco (linguagem usada pelos corruptos) que tudo podia decorrer segundo a sua vontade, “aqui não aceitamos cédula se tiveres um refresco por ai podemos arranjar maneira”, disse a funcionária do posto de recenseamento ao jovem que não esperou para responder nos seguintes termos “hoje e agora não tenho, se eu tiver voltarei”, promessa essa que não chegou de cumprir, porque segundo disse, não conseguiu o tal refresco que afigura-se bastante importante para obter o recenseamento militar. Para Juma Manuel, se continuar assim, da para afirmar que o processo está comprometido e as metas não serão compridas. Entende que, há muitos jovens que se encontram na mesma situação e que podem correr o risco de não se recensearem e cumprir com as suas obrigações como cidadão moçambicano. Isso, porque a demora que se verifica na aquisição do Bilhete de Identidade, também é outro calcanhar de Aquiles para muitos.
O recenseamento não se paga nada é gratuito
Para a Delegada Provincial do Centro de Recrutamento e Mobilização da Zambézia, esta informação constitui uma novidade para o sector que dirige, disse Calidia Fernando, visivelmente aborrecida e surpreendida com a situação. Mas apesar disso, não confirmou e nem rejeitou apenas prometeu fazer-se ao terreno para averiguar, em caso de constatar que tal aconteceu medidas serão tomadas. Na ocasião, a Delegada do CRMZ sublinhou que, “não se pode impedir um cidadão de se recensear só porque não tem bilhete de identidade, a cédula, certidão de nascimento e declaração do bairro servem, para nos esta pessoa tem um comportamento pessoal e isolado, confesso que esta é a primeira vez que oiço que alguém esta a cobrar”, disse Calídia para mais adiante advertir a todos recenseadores para não fazerem cobranças e aos jovens que se depararem com uma situação igual devem denunciar, porque esta não é a conduta de um recenseador militar.
Para fazer o balanço do processo nestes 15 dias decorridos, a delegada diz ser positivo na medida em que os 207 postos de recenseamento espalhados em toda província, nota-se uma afluência de jovens. Desde o arranque a 06 de Janeiro corrente, já foram recenseados um total de 3.936 jovens o que corresponde a 20.71%. Os distritos que maior número de jovens está recensear são Mocuba, Milange e a cidade de Quelimane. Recorde-se que, o recenseamento militar termina no próximo dia 28 de Fevereiro. (Texto e foto de António Munaita)
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 23.01.2014