Tensão político-militar.
PCA do Moza Banco diz que ambiente de guerra lançou incertezas no mercado nacional
João Figueiredo afirma que estabilidade é condição sine quo non para o crescimento económico
BCI diz que as contas ainda não indicam fuga de clientes
Algumas famílias moçambicanas estão a retirar as suas poupanças do país, devido ao ambiente de instabilidade política e onda de raptos no país.
A constatação é do presidente do Conselho de Administração do Moza Banco, Prakash Ratilal, que diz conhecer várias pessoas que transferiram as suas poupanças para países vizinhos. “Muita gente que eu conheço está a poupar, mas desviou a sua poupança para os países vizinhos, porque o elemento de incerteza já foi introduzido na economia, pelo menos nos últimos seis meses. O conflito no plano da violência verbal e armada que existe em alguns pontos do país e o mecanismo dos raptos instabilizou famílias de classe média que, poupando, estão a fazer investimentos nos países vizinhos”, disse Prakash Ratilal, que falava sexta-feira, durante o XXXVIII Conselho Consultivo do Banco de Moçambique.
O PCA do Moza Banco e antigo governador do Banco de Moçambique teme que a tensão político-militar e a criminalidade se prolonguem nos próximos anos, o que poderá agravar a taxa de poupança no país e, ao mesmo tempo, aumentar a dívida externa.
Ratilal defende que a estabilidade é a primeira condição para uma poupança útil, aquela que serve para investimentos no país. Por outro lado, a instabilidade tem obrigado também as famílias a enviar os seus filhos para os países vizinhos, de modo a continuarem com os seus estudos.
Já o Presidente do Conselho de Administração do Banco Único, João Figueiredo, afirma que tem testemunhado alguma preocupação por parte dos agentes económicos em investir os seus recursos no país. “Para podermos manter os níveis de investimento e aumentar o desenvolvimento económico, uma das condições sine qua non é o nível de estabilidade, de confiança e de paz social”, considera Figueiredo, que diz acreditar num futuro melhor.
O PAÍS – 27.01.2014