O Governo moçambicano e a Renamo, maior partido da oposição e antigo movimento rebelde, retomaram hoje ao diálogo político, apos três meses de ausência desta força politica no encontro, exigindo, como condição para reatamento, a presença de mediadores internacionais e observadores nacionais.
As partes discutiram hoje questões relacionadas com a presença de mediadores internacionais e observadores nacionais, ultrapassando, deste modo, a fase em que a comunicação entre as partes era feita através da troca de correspondências.
O Governo mostrou-se receptivo a proposta da Renamo de levar a mesa de diálogo observadores nacionais, nomeadamente o Bispo da Igreja Anglicana, Dom Dinis Sengulane, e o académico Lourenço do Rosário, ambos moçambicanos.
O Ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse, na qualidade de representante do Governo, disse minutos apos o encontro com a contraparte, que o espírito das duas delegações foi positivo, pois conseguiram, em curto espaço de tempo, entender-se em questões essenciais relacionadas a participação de terceiros no diálogo.
Esta é uma ideia que foi acordada pelas partes. Temos fé que o trabalho que vamos fazer a seguir é procurar acordar os critérios, os termos de referência da participação de terceiros, de observadores que criará condições muito mais positivas para o avanço do diálogo, explicou Muthisse.
O governante disse ter ficado com impressão de que a Renamo retomou ao diálogo com espírito positivo. Por isso, acredita que vamos tentar, nas próximas sessões, consolidar esse espírito, de modo a que isso tenha reflexos positivos na vida económica, social, política e cultural do nosso povo.
O mais importante é a participação de terceiros, de observadores. As duas partes sentarão para definir os critérios de participação desses terceiros. Acho que a nossa expectativa, e creio que também é a da Renamo não é ver quem ganhou ou perdeu. A nossa expectativa é que desse debate ganhem todos os moçambicanos. O nosso foco é que os moçambicanos ganhem, possam produzir e viver num clima de paz.
Segundo Muthisse, quando o ano iniciou o Governo manifestou o interesse de ter um ano bom e, de acordo com ele, essa vontade tocou a Renamo, por isso decidiu fazer-se presente ao Centro de Conferências Joaquim Chissano (CCJC).
Por seu turno, o chefe da delegação a Renamo e deputado na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, Saimone Macuiana, espera que haja, nos próximos dias, maior desenvolvimento no processo, com vista a satisfazer aos moçambicanos.
Do trabalho que fizemos, de acordo com a agenda do dia, fica claro que é importante a presença da mediação e de observação, então iremos encontrar em conjunto a efectivação, com vista integrar a participação de todos. Como se sabe todo mundo está interessado em ajudar ao povo moçambicano a alcançar uma solução pacífica, sublinhou o deputado.
Questionado se o retorno da Renamo à mesa do diálogo não significaria o fim dos ataques, Macuiana disse que o seu partido, hoje, deslocou-se ao CCJC, para debater assuntos relacionados com a mediação.
Outros objectos não foram discutidos, mas quando for a altura iremos avisar, acrescentou o deputado da Renamo.
ht/le
AIM – 27.01.2014