O Presidente da República, Armando Guebuza, manifestou hoje, na capital etíope, Addis Abeba, o seu desejo de ver a participação da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique e antigo movimento rebelde, nas próximas eleições gerais agendadas para 15 de Outubro próximo.
A Renamo não participou nas últimas autárquicas, e esperamos que ela participe (nas próximas eleições gerais) e ocupe o seu lugar na sociedade e, em particular, ao nível das políticas que estamos a aplicar no país, disse Guebuza, falando durante um encontro com a comunidade moçambicana residente na Etiópia.
O mais alto magistrado da nação moçambicana explicou que por causa da recusa da Renamo em participar nas últimas eleições autárquicas, os membros daquela formação deixarão de existir nas assembleias municipais. Moçambique conta com 53 cidades e vilas municipais.
O estadista moçambicano encontra-se em Addis Abeba, desde a noite de terça-feira, para participar na 22ª Cimeira Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) a ter lugar na quinta e sexta-feira desta semana.
O pleito de 15 de Outubro próximo inclui as presidenciais e parlamentares, para além das eleições das assembleias provinciais.
Para o efeito, já estão em curso a campanha de educação cívica, bem como os preparativos para o recenseamento eleitoral de raiz que inicia esta Quinta-feira, a escala nacional.
Prosseguindo, Guebuza disse ainda que existem muitos deputados daquele partido da oposição na Assembleia da República, razão pela qual se a Renamo não participar estes cérebros não vão ser muito produtivos na cena política do nosso país.
Na mesma ocasião, o estadista moçambicano manifestou a sua preocupação com os ataques perpetrados pela Renamo contra alvos civis e militares que já causaram mortes e destruição de bens.
Ele explicou que o governo está a fazer um esforço para acabar com estes ataques, mas, para o efeito, é necessário que a Renamo se sinta parte da nossa sociedade e dê parte da sua contribuição.
É por isso que nós estamos em diálogo com a Renamo, vincou.
Depois da interrupção unilateral das sessões do diálogo com o governo, em Outubro do ano passado, a Renamo decidiu retornar a mesa na última Segunda-feira, apesar de os contactos entre as partes prosseguirem através de outros canais.
A melhor forma de fazer esses contactos é através deste diálogo que pode permitir resolver o problema que nós temos. Por conseguinte, é no diálogo que se pode encontrar a solução dos problemas e levar a Renamo a se sentir reintegrada, ou integrada na sociedade, afirmou Guebuza.
O Presidente frisou que qualquer acordo ou entendimento com a Renamo não deverá por em causa a Constituição da República que é o instrumento guia de todos os moçambicanos e que qualquer acordo que se alcance deve resultar num Moçambique melhor do que o de hoje.
Para o Presidente Guebuza, não existe uma explicação suficiente que justifique a presente tensão político-militar em Moçambique.
Em 1992, o Governo e a Renamo rubricaram o Acordo Geral de Paz (AGP), pondo fim a 16 anos de guerra civil, o que permitiu ao país chegar ao actual estágio de desenvolvimento económico e social.
Hoje, porém, um dos signatários diz não estar satisfeito com aquilo que está a acontecer e quer que se volte a verificar o acordo. Nós os outros dizemos que não, que não podemos verificar o acordo porque o mesmo já foi incorporado na Constituição.
Numa mensagem dirigida a todos os cidadãos moçambicanos, Guebuza sublinhou, no entanto, que não existem sociedades acabadas.
Olhemos para todo o mundo e havemos de ver que os mais desenvolvidos e os menos desenvolvidos, todos eles têm os seus problemas, referiu.
Por isso, indicou Guebuza, o trabalho em conjunto é a melhor maneira para a resolução de problemas, mesmo que sejam sobre a distribuição de riqueza, porque o recurso as armas não ajuda em nada.
A distribuição dos frutos resultantes da exploração dos recursos naturais foi outro tema abordado durante o encontro com a comunidade moçambicana.
O mais alto magistrado da nação frisou ainda que os recursos naturais enquanto permanecerem inexplorados e no subsolo, não passam de uma promessa.
Agora nós temos que trabalhar para que essas promessas possam efectivar-se. Estão lá debaixo da terra, agora temos que ir tirá-los, temos que transformá-los para que sejam mais úteis. É daí que vem a distribuição, disse, explicando que não podemos distribuir algo que não temos.
Ele referiu que Moçambique tem vindo a registar, nos últimos 15 anos, um crescimento económico médio anual na ordem de sete por cento.
Agora com a presença do carvão e do gás natural nós temos expectativas de que o crescimento poderá ser maior, disse, advertindo que existe um grande desafio relacionado com a construção de infra-estruturas adequadas para o seu escoamento.
Pela primeira vez estamos a enfrentar um problema sério logístico e, felizmente, cada vez mais as pessoas têm a consciência da sua importância e as nossas escolas e institutos já estão a virar-se para a formação na área de logística, disse o Presidente Guebuza.
SG/mz
AIM – 29.01.2014