Interessante esta parte da história ensinada nas escolas de Moçambique em que também se fala das lutas de resistência à ocupação portuguesa.
Leia aqui o Capítulo "Do capitalismo industrial (sécs. XVIII e XIX) ao imperialismo (fins do séc.XIX e início do séc.XX):
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NOTA: De realçar, e que não pode ser escamoteado, o apoio que desde sempre as tropas portuguesas tiveram de grande parte da população moçambicana. Quase nunca actuaram sem o seu apoio.
Sem apoio das populações moçambicanas esteve, por exemplo, Manicuse quando invadiu, vindo da Zululândia, o território moçambicano.
Após terem partido das suas terras ancestrais no território da actual África do Sul, os guerreiros angunes liderados por Soshangane (ou Manicusse) moveram-se incessantemente pelos territórios sitos entre os rios Maputo e Zambeze, esmagando os povos autóctones e no processo fundado um império a que deram o nome de Gaza, que na fase inicial ocupava cerca de 56 000 km².
Com esta chegada dos angunes, o relativo sossego em que tinham vivido os povos locais, e os comerciantes portugueses estabelecidos ao longo da costa moçambicana, foi rudemente quebrado com sucessivos massacres e a submissão forçada a um novo poder, criando-se um clima de insegurança e medo que permaneceria durante décadas, durando até ao aprisionamento de Gungunhana por Mouzinho de Albuquerque, sempre acompanhado e apoiado por naturais.
Inclusivé, em 1974, mais de metade do exército português em Moçambique era constituido por naturais. E, se não fosse o 25 de Abril, seriam estes, em especial, que derrotariam a Frelimo ou limitariam a sua acção. Tanto assim, que uma das primeiras medidas do MFA português, foi desmobilizar de imediato todos os naturais de Moçambique (brancos, negros, mestiços, indianos, etc). Pois, se assim não fosse, a "independência" seria diferente, que não a que aconteceu e do modo como aconteceu, com todo o cortejo de vitimas que provocou.
E aqui vem de novo à baila a lei da nacionalidade adoptada em Portugal e em Moçambique em 1975. A Frelimo, em conluiu com os revolucionários portugueses, não podia passar sem "castigar" todos os que contra ela lutaram, em especial os naturais, por isso "obrigados" a terem a nacionalidade moçambicana.
Depois há os que quiseram ser mais papistas que o papa...mas isso é outra história.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE