AS obras de construção da micro-barragem hidroeléctrica de Tandara, no posto administrativo de Rotanda, no distrito de Sussundenga, em Manica, estão paralisadas “sine die”, não havendo sinais de um dia virem a ser retomadas, depois de desembolsados avultados fundos para o efeito.
As autoridades responsáveis iniciaram há mais de três anos a trocar acusações sobre o falhanço do projecto, sendo que os governos distrital, do posto administrativo e a Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia acusam o Fundo Nacional de Energia (FUNAE) da situação.
O chefe do posto administrativo, Lucas Taunde, diz estar espantado pelo que está acontecer, pois ninguém explica ao certo o que é que emperrou o projecto. “Não sabemos o que está a acontecer. Dizia-se que o problema estava com o fabricante dos tubos, mas até agora nem água vem, nem água vai” - diz Taunde.
Lembrou ter recebido do FUNAE uma carta a anunciar a eventual retomada das obras mas que, volvidos vários meses, não há ainda uma luz do fundo do túnel para o efeito.
As obras de construção da nova barragem hidroeléctrica, conhecida por mini-hídrica, numa nascente localizada na região montanhosa de Tandara, arrancaram em Agosto de 2010, com o financiamento do Orçamento do Estado, através do FUNAE, que para o efeito desembolsou pouco mais de 2,23 milhões de euros.
O empreendimento, o segundo do género a ser erguido na província de Manica, depois do de Honde, no distrito de Báruè, está a cargo da Brono Lopes Moçambique (BLM), uma empresa portuguesa de construção civil que para o efeito subcontratou a TAVEL. Os referidos empreiteiros nunca mais lograram concluir o projecto.
Com a capacidade projectada de produzir 615KVAs de energia eléctrica, a barragem estava prevista para atender, numa primeira fase, a 100 consumidores, todos da sede do posto administrativo de Rotanda, antes de a energia ser expandida para as zonas periféricas da vila.
O chefe do posto administrativo de Rotanda, Lucas Taunde, que revelou o facto ao “Notícias” disse que o empreendimento iria dispor de uma albufeira com a capacidade para acumular 400 milhões de metros cúbicos de água e o caudal de descarga para a turbina, através da tubagem de 500 milímetros, seria de 350 litros por segundo.
A conduta, desde o açude até à casa de forca, de acordo com a fonte, iria cobrir uma distância de aproximadamente 1400 metros. No global, segundo Lucas Taunde, o trabalho foi realizado em 70 por cento, mas ficou paralisado desde Abril de 2011 alegadamente devido à falta de desembolso de fundos do empreiteiro BLM para a empresa subcontratada TAVEL.
O problema, segundo a fonte, está a preocupar sobremaneira as autoridades e as populações locais, que continuam carentes de energia eléctrica de qualidade. Há informações indicando que o maior culpado do falhanço seja o FUNAE, instituição que nunca mais mexeu palha para pôr em marcha o projecto.
A sede do posto administrativo de Rotanda é abastecida, neste momento, pela energia proveniente da República do Zimbabwe, no quadro de uma parceria estabelecida neste sentido entre os governos moçambicano e zimbabweano.
Porém, devido à crise económica que afecta aquele país vizinho, a energia chega de forma intermitente àquela vila, provocando constantes cortes e restrições de fornecimento aos utentes.
Há dias a questão foi apresentada à governadora de Manica, Ana Comoane, num comício que dirigiu na sede daquele posto administrativo, inserido no quadro de uma das etapas da sua governação aberta.
Na ocasião os populares solicitaram à governadora a sua intervenção para a conclusão urgente da barragem ora em construção, no sentido de tirar a vila da dependência e das constantes restrições no fornecimento de energia eléctrica a partir do sistema zimbabweano.
OBRAS DA ESCOLA PARALISADAS HÁ 12 ANOS
Ainda no capítulo das obras, o chefe do posto administrativo de Rotanda lamentou a falta da conclusão das obras de construção da escola secundária local, paralisadas há sensivelmente 12 anos.
Inseridas no âmbito de um projecto de gestão central, as obras de construção de raiz da Escola Secundária de Rotanda foram abandonadas no mesmo ano em que iniciaram, um problema que Taunde diz ser generalizado para outras regiões da província e do distrito de Sussundenga, uma vez haver empreendimentos na mesma situação, por exemplo, nos postos administrativos de Dombe e Macate.
No caso de Rotanda disse que os alunos que concluem o nível básico não têm onde prosseguir os seus estudos. Neste momento tais estudantes frequentam aquele nível na Escola Primária Completa de Rotanda, onde funcionam as salas anexas do aludido estabelecimento do Ensino Secundário.
VICTOR MACHIRICA
NOTÍCIAS – 29.01.2014