O PRIMEIRO-MINISTRO de Timor-Leste, Xanana Gusmão, vai abandonar o cargo em breve, deixando definitivamente a politica activa, depois de se ter despedido do Parlamento, durante a discussão do Orçamento Geral do Estado, revelou o próprio à agência Lusa.
"Depois deste orçamento", afirmou Xanana Gusmão, sem precisar uma data, quando questionado pela Lusa sobre o momento em que vai apresentar a demissão do cargo de primeiro-ministro. No início do seu discurso para apresentar o Orçamento do Estado de 2014, Xanana Gusmão despediu-se dos deputados: “É com todo o respeito que me dirijo, e pela última vez na qualidade de primeiro-ministro, a esta que é por excelência a casa mãe da nossa democracia", afirmou.
Em Novembro, Xanana Gusmão já tinha afirmado à Lusa que deixaria de assumir funções de primeiro-ministro até 2015 para passar as competências para as novas gerações. "Já é uma decisão. Vou sair até 2015. Para passar, transferir as competências e a capacidade de pensar à nova geração", afirmou à Lusa Xanana Gusmão, que ocupa o cargo de chefe de Governo desde Agosto de 2007, depois de um mandato como Presidente da República.
O ex-líder da resistência timorense voltou a assumir o cargo de chefe do Governo em Agosto de 2012, após o partido de que é fundador, Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), ter ganho as eleições legislativas.
"Eu já dei tudo o que pude dar. Vamos ajudar mais em termos de consolidar a visão sobre o futuro. Não vamos imiscuir-nos nos trabalhos do dia-a-dia, para eles sentirem a responsabilidade e que são responsáveis pelos seus actos", salientou na altura.
A imprensa timorense tem avançado o mês de Setembro para Xanana demitir-se.
REACÇÕES DOS PARTIDOS
Entretanto, o secretário-geral do CNRT, Dionísio Babo, disse ontem que o partido respeita, mas não concorda, com a intenção do PM de abandonar o cargo tão cedo.
Babo explicou à Lusa que a intenção De Xanana "não é uma surpresa", porque desde o início da actual governação que já tinha anunciado que não iria completar o mandato.
Por seu turno, os líderes de dois dos partidos que integram a coligação do Governo manifestaram ontem confiança na decisão de Xanana Gusmão, em abandonar o poder.
O líder do Partido Democrático, Fernando La Sama de Araújo, que ocupa o cargo de vice-primeiro-ministro, disse que confia nas decisões de Xanana Gusmão.
Por seu lado, o líder da Frente Mudança, José Luís Guterres, que é o chefe da diplomacia timorense, afirmou que a nova geração já está no poder.
O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (FRETILIN), Mari Alkatiri, considerou, por seu turno, que a substituição de Xanana será difícil, mas que o seu partido vai deixar que o ciclo governativo se complete, afastando a hipótese de eleições antecipadas. "Sei que será uma substituição difícil, particularmente se a estrutura orgânica do Governo se mantiver. É um Governo muito pesado, cheio de contradições, de sobreposições de competências e disfuncional", afirmou à agência Lusa, Mari Alkatiri.
Segundo ele, Xanana Gusmão chegou à conclusão de que já é tempo de a geração de 1974-75 se colocar em "cima da montanha e ter uma visão global do país".
NOTÍCIAS – 09.01.2014