QUATRO mil toneladas de fruta diversa são produzidas por ano na província da Zambézia. Todavia, não há ainda capacidade de agro-processamento e nem de consumo da quantidade produzida pelo sector familiar, o que torna penoso o esforço que as famílias empreendem durante uma campanha, uma vez que, não se vêem compensadas.
Como alternativa, muita dessa produção é vendida a preço de bagatela, mas mesmo assim não é comercializada toda a quantidade, sendo que uma boa parte se deteriora.
O governo provincial da Zambézia, financiou um empresário com mais de 1.7 milhão de meticais para a construção de uma fábrica dupla de processamento da fruta e óleo alimentar no distrito de Nicoadala.
As obras começaram e pelo meio pararam há dois anos, pelo facto de os fundos serem insuficientes para prosseguir com os trabalhos, como também dos altos custos para a montagem de um Posto de Transformação de Energia (PT) para o empreendimento.
O governador da Zambézia, Joaquim Veríssimo, disse em entrevista à nossa Reportagem que o executivo está a trabalhar com o empresário de forma a relançar os trabalhos de construção da fábrica de processamento da fruta para a produção de sumos e refrigerantes.
Joaquim Veríssimo reconheceu que de facto as famílias estão a perder dinheiro com a deterioração da fruta e isso pode desencorajar os produtores do sector familiar, único que garante a oferta da fruta.
Segundo Joaquim Veríssimo, se a fábrica tivesse sido concluída e a laborar normalmente, essas famílias seriam as fornecedoras da matéria-prima. Deste modo, segundo ainda o governante, as famílias iriam organizar pequenas empresas para fornecer matéria-prima, ganhar dinheiro e aumentar renda e reduzir a pobreza.
Os distritos com grande potencial de fruta na província da Zambézia são Nicoadala, Namacurra, Mocuba, Maganja da Costa, Gúruè e Alto Molócuè. Os produtores familiares vendem, ao longo ano, fruta diversa, nomeadamente ananás, manga, banana, papaia, laranja, limão, toranja, entre outros.
No passado, a província da Zambézia tinha no distrito de Nicoadala uma fábrica de processamento de fruta para a produção de conservas mas, devido a situações conjunturais, esta deixou de laborar e os produtores ficaram à deriva.
Os meses de Abril a Novembro são de pico de produção da fruta. Ao longo do território da Zambézia por onde passa a Estrada Nacional Número (EN1) pode se ver muita fruta e que os vendedores até pedem favor aos compradores que transitam no sentido norte-sul ou vice-versa.
Entretanto, Joaquim Veríssimo entende que não é só o sector das frutas que precisa de investimentos para o agro-processamento mas também o de cereais e outras culturas de rendimento. Explicou que, uma vez processado e emplasticado com selo de origem, isso pode dar um valor acrescentado e qualidade.
Veríssimo disse que há desafios importantes como, por exemplo, a farinação de milho e o seu empacotamento. “Em relação ao arroz e castanha de caju já avançamos porque temos fábricas em Namacurra e Alto-Molócuè mas queremos mais por que isso tem efeitos multiplicadores no contexto social e económico”, disse aquele governante para depois acrescentar que o nascimento de fábricas abre espaço para empregar mais gente.
JOCAS ACHAR
N0T’ICIAS – 24.01.2014