Em um processo difícil, de guerras entre brancos e negros, nativos e colonizadores, Moçambique conseguiu sua independência em 1975, mas o período de transição foi marcado pela instituição de medidas impopulares que deixaram cicatrizes em boa parte da população.
Por Simone Pallone
O historiador e antropólogo Omar Ribeiro Thomaz, da Universidade Estadual de Campinas, voltou recentemente de uma de suas viagens a Inhambane, uma província de Moçambique, onde tem acompanhado um grupo de pessoas que foram levadas pela Frelimo – Frente de Libertação de Moçambique, na década de 1980 - para trabalhar em campos que abrigavam pessoas tidas como desocupadas, inúteis, indesejadas, pelo governo e que, então, deveriam ser reeducadas, a partir do trabalho braçal no campo. Esse projeto, denominado Operação Produção, foi uma das medidas adotadas. Nesta entrevista, Thomaz dá uma idéia do contexto histórico em que essas ações acontecem e fala um pouco sobre o destino das pessoas que passaram pela Operação Produção.
ComCiência - Em seu trabalho o senhor trata dos deportados no período pós-colonial em Moçambique, pessoas que eram levadas dos centros urbanos para os campos de reeducação criados logo após a independência. O que o senhor tem descoberto pelas narrativas dessas pessoas? A atuação da Frelimo marca realmente uma ruptura entre o período colonial e o pós-colonial?
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