Jaime Andissene, capturado nos meados de Janeiro ultimo na região de Chirutso, localidade de Mavume, distrito de Funhalouro, na provincia meridional de Inhambane, disse que os ataques armados perpetrados pelos antigos guerrilheiros são ordenados pelos cabecilhas da Renamo alegadamente para pressionar o Governo a pagar as promessas feitas por Dhlakama aos guerrilheiros não desmobilizados depois do Acordo Geral de Paz de 1992, pondo termo a guerra de desestabilização de 16 anos no pais.
De acordo com o diário Noticias, estes guerrilheiros receberam ordens de Dhlakama para guarnecer, nos últimos 20 anos a base de Marínguè, considerada quartel-general da Renamo, assim como outras bases na província central de Sofala.
A título de exemplo, Andissene explicou que foi levado contra a sua vontade em sua casa no distrito de Báruè, província central de Manica, em princípios de Dezembro passado, para viajar até à cidade de Maputo, a capital do pais, na companhia de outros antigos guerrilheiros para assinar documentos constantes no seu processo submetido para aceder aos subsídios.
Eu estava na minha casa a desenvolver pequenos negócios para sustentar os meus cinco filhos e enganaram-me dizendo que o meu dinheiro estava em Maputo e quando chegámos à cidade da Maxixe (em Inhambane) desviaram-nos para o mato e distribuíram-nos armas, uma AKM para duas pessoas com apenas dois carregadores para fazer guerra e eu rejeitei essa ideia porque já não quero combater mais, explicou Jaime Andissene.
Acredito que se alguns dos meus companheiros estão no mato a disparar de novo é porque não têm informação exacta do que é necessário fazer para receberem o subsídio dos combatentes pago pelo Governo. O que se diz lá é que o Presidente Guebuza (Presidente da Republica) não aceita satisfazer essa necessidade, afirmou Andissene.
Revelou também que antes de ser capturado em Chirutso pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique, com a denúncia dos líderes comunitários e população residente, já tinha tomado a decisão de se render à comunidade, porque estava a passar por um sofrimento sem qualquer causa.
Dou graças a Deus porque fui capturado e estou vivo. Fui bem tratado no quartel, retomei os tratamentos médicos da minha doença e estou a melhorar, anotou.
Andissene prometeu que caso seja restituído à liberdade vai regressar à sua casa, onde sempre esteve, pois, segundo disse, mesmo a guerra dos 16 anos não a cumpriu até ao fim, apesar de ser oficial.
Fugi para o Malawi e só me juntei à Renamo depois do AGP. O tempo que fiquei aqui na província de Inhambane, sendo 19 dias perdido na floresta, foi suficiente para saber que afinal uma das formas que Afonso Dhlakama encontrou para resolver os problemas das dívidas que tem com os guerrilheiros é mandá-los para o mato, concluiu Jaime Andissene, de 51 anos de idade, natural de Guro, província de Manica.
MAD/FF
AIM– 18.02.2014