MOÇAMBIQUE é um dos vinte e oito países do mundo escolhidos para acolher uma operação internacional contra infracções florestais e faunísticas, sobretudo as que recaem sobre espécies ameaçadas de extinção.
Fora os significativos resultados operativos alcançados, os organizadores consideram relevante o facto de a operação ter permitido a troca de informações de inteligência entre os países envolvidos, deixando à atenção dos respectivos governos a necessidade de se aprofundar as investigações iniciadas de modo a desactivar-se os sindicatos de caça furtiva e comércio ilegal de produtos adquiridos por essa via.
Mais de 400 pessoas foram detidas e mais de 350 produtos de fauna e flora apreendidos durante a operação, que decorreu ao longo do mês de Janeiro passado.
Numa nota distribuída à imprensa, a Autoridade Tributária de Moçambique dá conta que das apreensões feitas destacam-se 36 cornos de rinoceronte, mais de três toneladas de marfim de elefante, mais de 10 mil tartarugas, mais de 10 mil enguias europeias, mais de 200 toneladas de toros de madeira Pau-rosa, e mais de mil peles de diversas espécies faunísticas protegidas.
Organizada pela chamada Lusaka Agreement Task Force (LATF) em parceria com os Estados Unidos, China e África do Sul a operação envolveu autoridades alfandegárias, da Polícia e de florestas e fauna bravia em Moçambique, Botswana, África do Sul, Malawi, Tanzania, Zimbabwe, Zâmbia, Uganda, Etiópia, Quénia, Libéria, Ghana, Brunei, Burundi, Cambodja, China, Congo, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Nepal, Filipinas, Singapura, Tailândia, Estados Unidos e Vietname.
A operação foi coordenada por uma equipa de funcionários de alguns dos países participantes, que se subdividiram em duas subunidades, uma em Nairobi, no Quénia, e outra em Banguecoque, na Tailândia, sob presidência da LATF e do grupo interinstitucional chinês para a implementação da Convenção CITES, em harmonia com os EUA e os países participantes na África e Ásia.
Segundo o comunicado da AT esta cooperação permitiu também que se observasse, pela primeira vez, uma operação conjunta China-África, que resultou na identificação e detenção de membros de um dos principais sindicatos de tráfico de marfim.
Durante a Operação Cobra II, funcionários dos países envolvidos trabalharam simultaneamente com a Organização Mundial das Alfandegas, com o Secretariado da CITES, com a INTERPOL, e com vários organismos asiáticos, numa base diária de coordenação e troca de informação em tempo real, visando a identificação e localização de caçadores furtivos e traficantes de produtos ou derivados prioritariamente de elefantes, rinocerontes, tigres, pangolim, tartarugas e outras espécies protegidas ao abrigo da Convenção.
Ainda de acordo com a nossa fonte, antes da operação realizou-se em Nairobi uma reunião internacional para a formação dos diversos intervenientes e planificação, organizada pelo Consórcio Internacional para o combate aos ilícitos na fauna e flora.
Na perspectiva dos organizadores da operação, o sucesso alcançado resultou da boa coordenação, cooperação e inteligência geradas para combater os sindicatos de crimes faunísticos.
Moçambique esteve presente nas duas subunidades da equipa internacional em Nairobi e em Banguecoque, tendo sido representado por um funcionário da Autoridade Tributaria e outro da Direcção Nacional de Terras e Florestas.
A nível interno seis instituições desenvolveram actividades relativas à operação, nomeadamente Autoridade Tributária, Direcção Nacional de Terras e Florestas, Administração Nacional das Áreas de Conservação, Direcção Nacional de Gestão Ambiental, Polícia da República de Moçambique e o Gabinete de Gestão de Segurança Aeroportuária.
Na sequência das actividades desenvolvidas, durante a operação, registaram-se apreensões de marfim processado nos aeroportos de Maputo e Beira e no período anterior à operação, os aeroportos de Tete e Maputo registaram apreensões também de marfim processado.
Importa ainda realçar que ao longo do ano passado, as autoridades no Aeroporto de Maputo apreenderam diversos produtos no âmbito da CITES, que incluem mais de 22 unidades de cornos de rinoceronte que tinham como destino alguns países do continente asiático.
NOTÍCIAS – 24.02.2014